
Comemora-se no dia 05 de agosto, o Dia Nacional da Saúde no país. A data escolhida em homenagem ao médico e sanitarista Oswaldo Gonçalves Cruz, que nasceu nesta data em 1872, tem como objetivo conscientizar as pessoas sobre a importância da educação sanitária e a ter um estilo de vida mais saudável. A reflexão que a data nos traz é que com a desoneração de impostos, os investimentos na saúde estão comprometidos. Em entrevista ao RDTv nesta sexta-feira (05/8), o médico sanitarista do Departamento de Saúde Coletiva da Faculdade de Medicina do ABC Homero Nepomuceno, relata que administrar é fazer escolhas e que a desoneração de impostos deve ser bem avaliada.
“Não necessariamente aquilo que você desonera beneficia os mais necessitados. Será que não seria melhor ao invés de ter desonerado sem critérios o imposto da gasolina e tivesse mantido a arrecadação, utilizasse o dinheiro em políticas públicas focadas nas pessoas que mais precisam? Eu abastecia meu carro com R$330 e agora pago R$300, esses R$30 pra mim é tão importante quanto se eu tivesse pago esse imposto e esse dinheiro tivesse ido pro Governo Municipal e ele tivesse os R$30 a mais para comprar de medicamentos?”, questionou.
Para Nepomuceno o que temos a comemorar nesta data é a estrutura do Sistema Único de Saúde (SUS) pois com ela conseguimos atravessar a primeira fase da pandemia do covid-19 sem consequências maiores. No ABC os municípios tiveram o enfretamento exitoso na estruturação de leitos e vacinação. A região tem a taxa de 80% de cobertura, o que está acima da média nacional. “O que podemos dizer nesse sentido que temos que comemorar, é que ficou a lição e o legado que precisa ser valorizado, porque afinal foi uma situação difícil e agora estamos indo para uma segunda fase”, comentou.
O retorno a normalidade traz o desafio de atender as demandas que foram perdidas durante o período mais grave da pandemia. “Vimos grande esforço pra enfrentamento da pandemia no Serviço de Saúde e durante ocorreu muitos represamentos de cirurgias, exame diagnósticos. Os exames para detecção precoce do HIV caíram 30 %, diminuíram as consultas de pré-natal e exames de pré-diagnostico de câncer. Há estratégias para recuperar essas demandas”, acrescenta.
O SUS deve ter uma melhoria contínua e isso requer financiamento. Ao invés de reduzir o imposto da gasolina, o dinheiro poderia ser revertido para a saúde, porque como teve perdas no teto de gastos, nesses últimos três anos tiveram perdas de bilhões de reais no setor. Tanto a saúde pública quanto a privada enfrentam o desafio da inflação na área da saúde, além da escassez de recursos e insumos, que estão disputados no mundo e isso faz que o preço suba.
As politicas públicas devem ser focadas nos que mais precisam e a região do ABC tem se destacado como a criação do Hospital da Mulher em São Bernardo, São Caetano está terminando o Atende Fácil, a criação do Hospital Municipal em Diadema, em Mauá o Hospital Nardini tem melhorado o financiamento, ou seja, os munícipios tem se esforçado para atender as demandas mas terá impacto devido a queda de arrecadação.