Rotina atarefada, sobrecarga no trabalho e esgotamento mental são algumas das questões debatidas entre profissionais da saúde mental que têm se preocupado com o recorrente crescimento de diagnósticos da Síndrome de Burnout, também conhecida como Síndrome do Esgotamento Profissional. Em entrevista ao RDtv, profissionais da área alertam para as principais causas e sintomas da doença.
O sócio-instituidor da FormareTech, Marcos Aurélio de Araújo, explica que um dos principais motivos que levou ao crescimento no número de diagnósticos foi a pandemia da covid-19. “Diria que a tecnologia invadiu os espaços com o chamado home office e fez com que as pessoas aumentassem o tempo de trabalho por um período muito maior do que o habitual”, explica.
Em razão deste fator, o profissional diz que as pessoas deixaram momentos de descontração de lado, o que contribuiu para o aumento de casos Burnout. “Aqueles momentos de descontração foram praticamente ‘sequestrados’ pelo trabalho, de maneira que passou a ser necessário uma reavaliação, por parte da organização do profissional, para que ele não se perdesse no tempo que deveria trabalhar e nos demais períodos que utiliza para lazer e vida particular”, frisa.
A gestora do curso de Psicologia da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul), Rebeca Daneluci, define o esgotamento no trabalho como “novas psicopatologias”. De acordo com a profissional, é possível identificar a sobrecarga quando as pessoas muitas vezes, ao invés de pensar no trabalho como local de autorrealização, criam defesas para se proteger do que pode vir dele. “Então vamos tendo um esvaziamento da questão da subjetividade desse trabalhador”, explica ao frisar que é como entrar em um modo “automático” onde o trabalhador apenas “faz e não pensa”.
A psicóloga explica que a pessoa “workaholic” (pessoa viciada em trabalho) não necessariamente se encaixa na questão da sobrecarga, mas pode ser um indício também. Já Marco Aurélio, aponta que um “ambiente toxico” no trabalho pode contribuir para o processo de Burnout. “Quando a demanda de trabalho invade outros espaços da vida do profissional, aí se faz necessário que o RH, junto com o profissional, discutam e tragam formas para que tudo se equilibre” diz.
O tratamento da Síndrome de Burnout é feito, principalmente, com auxílio de psicoterapia, mas também pode envolver medicamentos (antidepressivos e/ou ansiolíticos). O tratamento normalmente surte efeito entre um a três meses, mas pode perdurar por mais tempo, conforme cada caso.