
Nos três postos de coleta do ABC, o estoque de bolsas de sangue é suficiente para apenas 10 dias, quando o ideal é trabalhar com uma margem de 20 dias. A situação dos estoques reforça a necessidade de haver mais campanhas para incentivo à doação de sangue, segundo a Colsan (Associação Beneficente de Coleta de Sangue). Na terça-feira (14/6) é o Dia do Doador de Sangue, mais um motivo para estimular a doação.
Em maio, a Colsan atendeu 63,68% da capacidade no ABC. Seria necessário coletar 9,8 mil bolsas. Em junho, até o dia 8, foram coletadas 1.397 bolsas, apenas 52,79% da capacidade. A queda pode ser explicada pela chegada do frio, mas a pandemia também foi um importante fator de redução da quantidade de doadores nos postos, porque todos passaram a ficaram mais em casa. Para o médico e professor de hematologia da Faculdade de Medicina do ABC, Vitor Mauad, a emergência de saúde foi muito prejudicial aos bancos de sangue. “No Brasil a doação de sangue é um ato voluntário e não se pode pagar nada por ele, e a pandemia foi um baque muito grande, pois quanto mais pacientes, mais sangue precisa. Só no Hospital Mário Covas são necessárias 30 doações por dia, pois lá são usadas 1.700 bolsas por mês”, enumera o hematologista.
“Campanhas sempre faltam, mas o povo brasileiro é muito solidário; salvamos muitas vidas graças ao altruísmo dos doadores”, analisa, Mauad rebate vários mitos de que doar faz mal ou que não é seguro. Diz que a chance de contrair HIV numa doação de sangue é a mesma de ser atingido por um raio ou ganhar na mega-sena. “Importante é que, como não se pode doar todo dia, tem um intervalo de tempo a ser respeitado, são necessários muitos doadores e tem algumas condições, como quem tem piercing em algumas partes específicas do corpo tem de ser analisado. Os critérios são sempre pela segurança de quem doa, depois de quem recebe, ao menor risco que seja é bloqueado”, explica.
Segundo Vitor Mauad, quando há em determinada região centros de referência, como o Hospital Mário Covas é para o tratamento de leucemia, e o Hospital Brasil que é um dos mais importantes em transplante de medula óssea, há mais necessidade de doadores, porque os pacientes em determinadas situações precisam de muito sangue.
Mutirão
O assessor parlamentar Israel Cabral, de 29 anos, é um assíduo doador. Cabral organiza até grupos na igreja com determinada regularidade para fazer as doações no Hemocentro de São Bernardo da Colsan. “Começou por mim mesmo, por saber da importância, depois que dei o primeiro passo fui estimulado pela igreja e nós sempre organizamos mutirão de doação, fazemos isso aos sábados e agendamos para que o posto esteja preparado, pois em geral vão entre 50 e 100 pessoas”, diz.
Cabral também combate o mito de que doar sangue faz mal. “Eu nunca me senti mal. Esse é um grande mito que, infelizmente, inibe muita gente desse gesto tão importante. Salvo pessoas que tenham algum problema de saúde ou que não se alimentaram bem antes da doação, doar sangue faz um bem danado para a saúde e para a consciência”, completa.
Moradora de Diadema, a diretora de recursos humanos, Andrelize Zonzini, de 50 anos, é também doadora regular. “Eu dôo pelo menos três vezes ao ano, ou quando surge algum pedido de doação”, relata. Andrelize explica que já sentiu tontura, mas logo depois de tomar um suco, a sensação passou. “Se fizesse mal eu já teria morrido é muita besteira isso (sobre quem diz que doar faz mal). Doar é um ato de amor ao próximo e a nós mesmos, sinto uma felicidade imensa. Me sinto abençoada por ser doadora”, completa.
Outro morador de Diadema, Bruno Honório, diz que costuma doar sangue no Hospital Estadual Serraria, na cidade. “Nunca me senti mal. A primeira vez que doei foi em 2008 e faço isso por conta própria, porém da última vez doei para uma pessoa que precisava”, explica.
Requisitos para doar sangue
- Portar documento oficial e original de identidade com foto que contenha CPF e esteja dentro do prazo de validade (RG, Carteira Profissional, Carteira de Habilitação);
- Ter entre 16 e 69 anos de idade*, sendo que a primeira doação deve ter sido feita até 60 anos incompletos;
- Pesar acima de 50 quilos;
- Estar em boas condições de saúde;
- Estar alimentado, porém ter evitado refeições pesadas (gordurosas) nas 3 horas que antecedem a doação.
Onde doar
As doações podem ser feitas em três postos fixos da Colsan no ABC, um deles é o Hospital Estadual Mário Covas, que fica na rua Dr. Henrique Calderazzo, 321, Santo André – telefones: 2829-5162 e 2829-5144, que funciona de segunda a sábado, das 7h30 às 15h. O atendimento é limitado a 180 candidatos, aos sábados, e o estacionamento é gratuito.
A doação também pode ser feita no Hemocentro Regional da Colsan, que fica na rua Pedro Jacobucci, 440 – Jardim das Américas, em São Bernardo; o telefone é o 4332-3900 e o funcionamento é de segunda a sábado das 8h às 15h30.
Em São Caetano, o Núcleo Regional de Hemoterapia Dr. Aguinaldo Quaresma é outro posto da Colsan. Fica na rua Peri, 361 – bairro Oswaldo Cruz; telefone 4227-1083. Funciona de segunda a sábado das 8h às 12h. Nenhum dos três postos funciona aos feriados.
No Hospital Estadual Serraria as doações podem ser feitas de segunda a sexta-feira das 7h às 14h. O hospital fica na rua José Bonifácio, 1641 – Serraria, Diadema. O telefone é o 3583-1475.