Com a chegada do outono e as bruscas quedas de temperatura, é preciso ficar atento com a saúde. Além das doenças respiratórias comuns à época, o período mais frio também aumenta o risco de infartos e AVC (acidente vascular cerebral) em 30%, principalmente entre pessoas com doenças cardiovasculares e idosos, grupos de risco que merecem mais atenção. “Os pacientes que já tiveram as doenças, além dos idosos, hipertensos, diabéticos, fumantes e sedentários, que agrupam fatores de risco, somados ao frio, podem desencadear os quadros”, afirma o cardiologista Fernando Teles de Arruda, especialista em clínica médica e cardiologia e coordenador adjunto da comissão de residência médica da USCS (Universidade de São Caetano).
Segundo dados do Instituto Nacional de Cardiologia, em comparação com as outras estações do ano, durante o frio o número de infartos cresce, em média, 30% e os de AVC, aumentam cerca de 20%. “O organismo funciona dentro de uma faixa de temperatura entre 35º e 36,5º. No frio, o organismo se mobiliza para elevar a temperatura e manter a normalidade, e é essa mobilização que gera os problemas vasculares. Ao baixar a temperatura, o corpo faz a vasoconstrição, na tentativa de aquecer o corpo”, explica o cardiologista.
Com a vasoconstrição, ou seja, a diminuição do diâmetro dos vasos sanguíneos, facilita a obstrução dos vasos, em caso de deslocamento de placas de gordura, por exemplo, e também dificulta o fluxo do sangue. “Quando as extremidades, como mãos e pés, estão muito frias, por serem áreas longe do coração, para aquecê-las o corpo se sobrecarrega, o coração é sobrecarregado, a circulação no frio é mais difícil, por isso a importância de ajudar o organismo a se manter aquecido e diminuir essa vasoconstrição”, afirma a enfermeira Simone Garcia, professora do Centro Universitário da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC).
Hábitos saudáveis
Simone orienta que as pessoas adotem hábitos simples que diminuem os riscos durante o frio, é preciso estar atento ao aquecimento corporal. “O consumo de bebidas e alimentos quentes, como cafés, chás, sopas, chocolate quente, bem como alimentos mais calóricos, ajudam o corpo na manutenção da temperatura. Se o meio externo não colabora, é preciso ajudar o organismo”, diz.
Segundo a enfermeira, estudos apontam que a cada diminuição de 10º na temperatura, aumenta em 7% os riscos. “Além dos alimentos mais quentes, o uso de roupas que mantenham a temperatura e aqueçam mãos e pés, também é necessário. E é preciso movimentar o corpo, por isso, a prática de exercícios físicos, além melhorar a saúde, ajuda a aquecer o corpo”, orienta e indica que aqueles que já praticam exercícios não devem parar no frio. “É claro que a prática ao ar livre fica mais incômoda, mas mantenha os exercícios em locais fechados ou em horários em que a temperatura não esteja tão baixa. Não deixe de praticar”, afirma Simone.