Preparar um currículo claro, objetivo e, num feirão de empregos, ter rapidez na tomada de decisão para a escolha da vaga que melhor se encaixa no seu perfil são dicas preciosas para quem está de olho na recolocação ou o primeiro ingresso no mercado de trabalho. Para mais dicas o RDTv desta terça-feira (24/05) ouviu a professora do curso de Gestão de Recursos Humanos da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul), Leila Aparecida Perez Sanchez, e o secretário de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Renda de São Bernardo, Hiroyuki Minami.
O secretário falou sobre os dois últimos feirões de emprego que São Bernardo realizou, um no Paço Municipal no dia 8 de março, Dia da Mulher, cujas vagas foram voltadas para elas, atraindo cerca de 5 mil interessadas, e o feirão do Dia do Trabalho, que foi realizado no Ginásio Poliesportivo da cidade, que disponibilizou 2.304 vagas em 32 empresas. “O feirão surgiu da necessidade de aproximarmos quem está desempregado cansado de andar pelas ruas distribuindo currículo e não encontrar ressonância. Nós temos a Central de Trabalho e Renda, que é conveniada com o Ministério do Trabalho, e a partir de 2017 nós revitalizamos aquilo e transformamos realmente numa central, onde as pessoas vão lá se cadastrar, são bem recebidas e diariamente recebemos cerca de 300 pessoas a procura de vagas ou ainda procurando seguro-desemprego”, explica.
Feirões
Mas a captação das vagas não surge somente da oferta das empresas, a prefeitura montou uma estrutura na CTR que é como uma busca ativa por vagas. “Montamos uma equipe que faz captação de vagas de emprego nas empresas, que vai às empresas, que telefona, que contata e essas empresas disponibilizam vagas para o CTR num convênio bem simples. Além disso, disponibilizamos no novo CTR, na rua Padre Lustosa 48, alguns espaços que são cedidos para recrutar, entrevistar e integrar. Tem também outras formas de aproximar a pessoa desempregada das empresas e tivemos a ideia de realizar o primeiro feirão do emprego que foi uma surpresa. Pensamos em uma coisa pequena para ajudar as pessoas e tivemos uma multidão, inclusive pessoas que chegaram no dia anterior. Porque estamos com uma deficiência muito grande de emprego”, relata o secretário.
Além das cerca de 300 pessoas que buscam a CTR de São Bernardo diariamente para buscar vagas a equipe de busca e captação consegue de 150 a 200 vagas, mas nem sempre elas são preenchidas por conta da qualificação. “A gente percebe que quando a gente envia 10 pessoas para uma vaga, às vezes não consegue preencher porque falta capacitação. Em parceria com o Senac (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial) estamos dando cursos para que essas pessoas se qualifiquem, não somente para o emprego, mas também para o empreendedorismo então a gente completa o ciclo virtuoso no sentido de ajudar as pessoas a terem a dignidade de um emprego”, diz Minami.
Currículo
Mais do que ter acesso à informação sobre uma vaga, importante é ter um currículo bem objetivo e atualizado e também o perfil que se encaixa naquele que o recrutador exige. Leila falou sobre a falta de qualificação que muitas vezes impede o preenchimento da vaga. “Quando se manda dez pessoas e não consegue preencher uma vaga é realmente isso que acontece de uma forma geral. Não adianta eu ter um currículo que não é compatível com aquilo que a empresa está pedindo, que faz com que tanto perca tempo a pessoa que está procurando emprego, quanto aquele que estabeleceu os critérios para abrir a possibilidade da vaga”.
A vaga também deve estar bem descrita para que ocorra o ‘match’ entre o candidato e a oportunidade de trabalho. “E a gente tem dois modelos interessantes de candidato, aquele que está já no mercado atuando e aquele que está em vias de começar a sua carreira profissional. Então são dois momentos diferentes o que deve aparecer nessa inscrição para a vaga. O cadastramento da vaga é importante que tenha toda a descrição relacionada a pessoa que está concorrendo a vaga e essa qualificação já deve ser previamente conhecida”, explica.
“Para quem está procurando uma vaga e já está na área o currículo tem que ser bem claro e objetivo. A qualificação deve estar bem clara com endereço, telefone e e-mail para futuro contato. Não precisa colocar nesse primeiro contato o número de documento, é desnecessário. Pretensão salarial também não se coloca porque a vaga já disponibiliza qual é a faixa salarial esse é o ideal do anúncio. Se ela não coloca também não quer saber a sua pretensão. Esse tipo de coisa distancia a pessoa daquela vaga”, continua a especialista da USCS. Outra dica de Leila é que a formação profissional não deve ser muito extensa.
Vagas
Segundo Minami, mesmo as vagas que exigem pouca qualificação, também não são fáceis de serem preenchidas, principalmente em feirão, porque há uma pressão muito grande, dado o número de pessoas desempregadas competindo pelas vagas. “As empresas se deparam com aquele mundaréu de gente já ficam meio perdidas. A pressão é muito grande das pessoas que querem ser contratadas e acaba ficando um pouco mais difícil a entrevista. Quem vem para o feirão tem que saber receber o candidato. Nós tivemos 2.304 vagas disponibilizadas por 32 empresas. Tinha área de segurança, área industrial e comércio, como lanchonetes e, principalmente em São Bernardo, estamos com um movimento muito grande de pessoas para contratação na área de logística. A pandemia foi uma razão para isso, muita gente não sai de casa, compra pela internet e tem um conjunto muito grande de pessoas trabalhando entre momento que o produto sai do Centro de Distribuição até chegar na casa da pessoa. Fazia muito tempo que não ouvia falar na contratação de almoxarife”, comenta o secretário.
Para facilitar o encontro entre o emprego e o candidato a prefeitura elaborou uma espécie de guia no último feirão. Um folder com todas as empresas e as vagas disponibilizadas foi entregue a todos na entrada. “A gente proporcionou a entrega de um pequeno lanche, tem mulheres que trazem crianças, então proporcionamos um espaço de recreação, tivemos acesso para os deficientes, para os prioritários. Então quero agradecer o apoio de outras secretarias”, relatou Minami.
Novos Feirões
Segundo Minami, o prefeito Orlando Morando (PSDB) já sinalizou com a possibilidade de um novo feirão, que será realizado em agosto, mês do aniversário da cidade. “O aniversário é dia 20 de agosto, um sábado, então a gente pensa em fazer no dia 22 um grande feirão nos moldes destes que a gente fez. Provavelmente já com alguma possibilidade de um sistema híbrido, de QR code ou de proporcionar um envio direto do currículo para a empresa por e-mail e orientar os candidatos que tem que levar o celular. Somos pioneiros na realização de feirões de emprego, já fizemos para portadores de deficiência, já fizemos para maiores de 60 anos, para mulheres, um do Dia do Trabalho e, provavelmente, o feirão do aniversário da cidade será também um sucesso”, disse Minami que também anunciou o início da reforma do Centro de Empreendedorismo e Inovação Tecnológica onde serão investidos quase R$ 4 milhões, com financiamento pela DesenvolveSP. Serão oito meses de obras.
Foco
Como a concorrência no feirão é mais direta do que a busca em situações normais no mercado de trabalho, algumas situações devem ser observadas pelos candidatos, a primeira delas é ter foco nas vagas que têm o seu perfil. “De repente a pessoa quer tirar 50 cópias do currículo e sair distribuindo, não é isso, porque você perde o seu tempo, e de quem está lá, quanto mais concentrado for, mais específico for, você se valoriza se mostra para quem está selecionando. Você já vai direcionado para algumas coisas quando você pega esse folder na entrada que tem lá todas as vagas e as empresas, de repente você se candidatou em alguma empresa e não teve a chance de ver outra. Você tem uma série de oportunidades e qual delas é a melhor? Tem que ter esse foco”, explica a especialista em RH.
Tomar a decisão mais acertada e de forma rápida é também uma habilidade que o candidato precisa ter. “Uma das grandes competências é a capacidade de tomada de decisão e essa análise rápida te leva a melhores caminhos. Eu vou ficar mais tempo numa empresa que não quer a minha qualificação só porque tem a vaga? Aí eu vou competir com pessoas melhores do que eu, então tem que ter essa noção de tomada de decisão rápida”, diz Leila Sanchez.
Ficar ligando na empresa atrás de um feedback sobre a vaga anunciada também não garante nada ao candidato. Segundo Leila, são poucas as empresas que dão esse retorno de forma natural, sendo buscada por uma resposta isso força a empresa a dizer não. Outra dica da especialista é ter cuidado com feirões virtuais e empresas que cobram pela promessa de recolocação. “Quem paga por isso são as empresas que são associadas a empresa que organiza o feirão e não é o candidato que paga por isso. Quando existe uma cobrança é um gasto desnecessário; se estou desempregado e vou gastar para arrumar um emprego? Pode olhar na internet no Reclame Aqui ver se não está reclamando dessa empresa, hoje em dia tem instrumentos de checagem. A gente tem pessoas que não tem essa agilidade quanto à tecnologia, essas a gente tem que ajudar mais”, completa a professora da USCS.