A epilepsia é uma condição neurológica que acomete cerca de 3% da população no Brasil. A doença é caracterizada por crises epilépticas, que são descargas anormais dos neurônios e se repetem em intervalos variáveis, com diversas causas, como metabólicas e genéticas, que variam com o tipo e idade do paciente. A neurologista Claudia Cristina Ferreira Ramos, docente do curso de medicina da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), orienta sobre como proceder nos primeiros atendimentos durante uma crise, em entrevista ao RDtv, desta quinta-feira (19/5).
Um dos tipos mais comuns de epilepsia é a crise conhecida como convulsão, facilmente reconhecível, pois o paciente apresenta abalos musculares generalizados, salivação excessiva e, muitas vezes, morde a língua e perde urina e fezes, também pode gerar desmaios, formigamento e dor de cabeça. “Na hora é importante virar a pessoa de lado, para não ter o risco de broncoaspirar (sufocar). Tentar apoiar a cabeça da pessoa para não bater e machucar, amparando com um travesseiro, por exemplo, afastar objetos que possam causar algum dano e pedir ajuda”, orienta.
Claudia reforça que não é recomendado utilizar nenhum tipo de objeto para afastar a língua da pessoa em crise. “Existe o mito de que a pessoa pode engolir a língua, mas na verdade ela morde. Além dos objetos, não coloque as mãos na boca da pessoa para segurar a língua, pois a mordedura é forte e pode causar lesões em quem está ajudando”, alerta.
O diagnóstico e investigação de epilepsia são feitos quando o paciente tem mais de uma crise convulsiva, em um intervalo inferior a 24 horas. É importante relatar ao médico todos os sintomas para que seja feita a avaliação, como recomenda a neurologista. “Existem diversos fatores que podem influenciar, como a variação do açúcar no sangue, alteração de sódio, uso de algumas substâncias e medicamentos, lesões cerebrais como AVC e traumatismo craniano”, afirma Claudia.
A investigação é feita por meio de exames laboratoriais e de imagem. “O acompanhante também pode relatar e descrever a crise, para que o médico avalie e investigue melhor o caso”, afirma.
A epilepsia não tem cura, mas com medicamento é possível monitorar e controlar as crises, o que diminui as sequelas provocadas pela doença. “Pode atingir todas as idades e gêneros. Mas há mecanismos que ajudam a controlar melhor a doença como as higienes do sono, evitar o uso de bebida alcoólica e longos períodos sem se alimentar, e ter uma alimentação saudável”, aponta a neurologista.