Dia das Mães celebra a força da luta de mães empreendedoras 

Não é novidade que as mulheres sempre enfrentaram obstáculos para se adequar a sociedade machista. Ainda assim, muitas driblaram o desafio e desenvolveram a capacidade de empreender e conciliar o processo de ser mãe com o de ser a principal, senão única, fonte provedora de renda familiar. No Dia das Mães deste ano (8 de maio), o RD traz luz à potência de mulheres que, em meio a pandemia, celebram a força e luta de encabeçar seu próprio negócio e manter suas famílias.

Ícaro (4), Bárbara Destro e Iara (11) celebram o Dia das Mães (Foto: arquivo pessoal)

Em São Bernardo, Bárbara Destro Soares é exemplo de força e superação. Mãe de Ícaro e Iara, de quatro e 11 anos, a moradora do Baeta Neves conta ter vivido uma vida repleta de desafios e sem instruções. Desde que seus filhos nasceram, por mais que programasse uma rotina de trabalho em seu ateliê de artesanato – este situado em sua casa – sempre foi necessário imprevistos para assumir o papel de mãe, o que levou Bárbara a viver uma vida de conciliação e “desafios estressantes”.

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Quando se separou do pai das crianças, há 10 meses, em um cenário de dificuldades financeiras em razão da pandemia, e dentro de um panorama em que as crianças estavam em casa, por conta do isolamento social, Bárbara precisou se movimentar e reinventar seus negócios. “Foi quando comecei a produzir somente máscaras de proteção e usar parte do tempo para estar com eles, como uma amiga”, conta. Desde este período, outras coisas no cotidiano da família também começaram a mudar. “Até então, tudo que vou fazer precisa ser combinado para que alguém possa ficar com eles, já que não convém leva-los a mercados e outros locais para comprar material de trabalho”, diz.

Mesmo com as dificuldades quase que diárias, a mãe diz manter seu ateliê aberto e não abrir mão dos pequenos momentos que pode e quer estar em família. Para ela, o Dia das Mães celebra fé, coragem e amor entre a mãe e os filhos. “Sempre há o que comemorar, são desafios que acredito enfrentar por amor aos meus filhos, que são as pessoas mais preciosas”, salienta.

(Foto: arquivo pessoal)

Trabalho redobrado

A confeiteira profissional, Renata Aleixo, de Ribeirão Pires, tem duas filhas, uma de cinco anos e outra a bordo, em sete meses de gestação. Dona de casa, mãe e esposa, Renata diz precisar de muita disposição e coragem para conciliar todas as profissões em “uma só”, pois ao contrário do que falam, o tempo fica ainda mais curto que o normal para dar conta de todas as tarefas.

A conciliação entre trabalho e maternidade começou quando Renata teve a primeira filha, em 2015, esta que faleceu aos 10 meses de idade (foto esq.). “Não foi nada fácil. Perdi minha filha para a H1N1 e estava grávida da segunda, mas ainda não sabia. Esse foi o maior peso, tanto profissional como pessoal”, conta. Mesmo com as dificuldades e com a dor irreparável, Renata diz ter continuado com seu próprio negócio.

Com apoio do marido no cuidado com a filha, na pandemia foi o momento em que tudo se intensificou e o trabalho se tornou redobrado. “A demanda na confeitaria aumentou muito, principalmente no primeiro ano. E com minha filha em casa, optamos por entregas via delivery, para evitar o contato físico, então tudo foi intensificado e mais complicado que o comum”, conta.

Apesar das dificuldades, Renata diz que todo Dia das Mães é para se comemorar e orgulhar. “Foi o ano que mais trabalhei na vida, mas nesse Dia das Mães o que mais tenho é motivo para comemorar. Minha primeira filha nasceu num domingo de Dia das Mães (10/05/15), e se tem uma coisa que amo nessa vida é ser mãe”, frisa.

Richard e Maraisa (Foto: arquivo pessoal)

Três empregos

A empreendedora Maraisa Soares de Oliveira Barreto, de Santo André, é secretária em uma empresa de veículos há 16 anos, atua em uma corretora de imóveis desde novembro do ano passado e, para completar a renda familiar, abriu a M&B Tshirts e personalizados. Mãe de Richard, de 15 anos, e de Gabriel, enteado de 24, ela diz que o processo de conciliação é difícil e desafiador. “A mulher enfrenta muitos questionamentos: se fica em casa é acomodada, se trabalha fora não se importa com os filhos. Encontrar esse equilíbrio é o mais difícil, mas também é o mais importante”, diz.

Apesar de gostar muito de trabalhar, Maraisa conta que nem sempre foi possível conciliar a vida de mãe com os empregos. “Voltei a trabalhar em 2008, quando meu filho completou um aninho”, lembra. “Principalmente os fins de semana eram uma loucura por conta da diferença de idade dos meninos e pela dificuldade de serem amigos”, diz ao frisar que até hoje organizar a rotina para dar conta de tudo e promover tempo de qualidade com os filhos é uma das missões mais desafiadoras.

Seu marido, que também ajuda no cuidado com as crianças, sempre esteve em dois empregos, motivo este que levou a sobrecarga da mãe. “Por esse motivo sempre precisei me sobrecarregar mais. Tínhamos o sonho da casa própria, então sacrifícios foram necessários e superados pra isso”, diz.

Na pandemia, foram três meses com salário e horário reduzido. “Na estamparia fiquei meses sem nenhum pedido. Foram meses tensos. Filhos sem poder ir a escola, aulas remotas, muitas dificuldades em se adaptar, tudo extremamente desafiador, mas era preciso manter o pensamento positivo e a família unida”, lembra a mãe ao citar que neste período seu marido sofreu um acidente e precisou ficar afastado do trabalho por quase um ano, o que levou a redução no salário e sobrecarga de cuidados.

Apesar dos desafios, no meio da pandemia e para surpresa de Maraisa, o número de pedidos na estamparia voltou a subir. “Ano passado tive muitos dias de trabalho, o dia inteiro, e só tinha tempo para chegar, fazer janta, conversar um pouco com marido, filhos e depois ficar na estamparia até de madrugada. Mas fiz tudo com amor, e deu certo”, salienta. Já no final de 2021, formada em Transações Imobiliárias desde 2018, a mãe embarcou no mundo dos imóveis, onde atualmente trabalha para manter a família.

No Dia das Mães, Maraisa deixa de lado a correria do dia-a-dia, as dificuldades de conciliar a vida de mãe com a de empreendedora e celebra: “Estamos vivos! Este é o maior motivo a se comemorar […] Foram dois anos de tantas perdas, que as datas especiais nos fazem apenas lembrar e reunir as pessoas. É um dia que sentimos falta da bisavó dos meninos, dona Osmarina, mas celebramos também a memória dela: a última vez que a vi foi no Dia das Mães de 2019. Acho uma data linda e especial. Tenho minha mãe viva e meus meninos, então sim, tenho o que comemorar”, celebra.

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