Pesquisa aponta que 58% dos profissionais no Brasil desejam trabalho remoto

(Foto: Free-Photos, Pixabay )

Há décadas o trabalho remoto é opção para empresas, mas foi com a pandemia da covid-19 a modalidade explodiu. Pesquisa da Microsoft sobre tendências para 2022 mostra que, no Brasil, 58% dos profissionais desejam mudar para trabalho híbrido ou remoto ao longo deste ano. Especialistas em gestão de recursos humanos apontam que a tendência veio para ficar.

Segundo Rosana Valliñas, docente do curso de gestão de RH da USCS (Universidade de São Caetano), o sistema de trabalho home office já se instalou no mercado e a tendência é continuar a se fortalecer. “As empresas têm investido em tecnologia para possibilitar o trabalho remoto de melhor qualidade e, com isso, abrirão mais vagas na modalidade, Já é possível observar que o home office tem se ampliado”, afirma.

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O psicólogo clínico organizacional Ricardo Dias de Camargo, professor das disciplinas do curso de Gestão de Pessoas do Centro Paula Souza, em Ribeirão Pires, também avalia que o mercado está em crescimento. “Sim, é uma tendência que se amplia e entra na categoria de benefícios para atração dos trabalhadores. É um diferencial da empresa. Muitas agora optam pelo sistema híbrido também, que divide a semana em alguns dias presencial e outros em sistema remoto”, analisa.

Outra pesquisa, realizada pela Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária da USP (Universidade de São Paulo), em parceria com a FIA (Fundação Instituto de Administração), indica que, de 2020 para 2021, cerca de 70% dos entrevistados revelaram desejo de seguir em home office mesmo com a retomada das atividades presenciais. Já em 2021 para 2022, esse número chegou a 78%, o que revela que mais profissionais se sentem acostumados com a rotina de trabalho remoto.

Segundo Rosana, o home office traz benefícios ao trabalhador como mais tempo de descanso, pois não há o deslocamento no trânsito para ir ao trabalho e promove ambiente mais confortável. “Por exemplo, a pessoa faz as refeições em casa, fica mais próxima da família, melhora a qualidade de vida”, afirma a docente. Além dos benefícios ao trabalhador, as empresas diminuíram os gastos com espaços físicos de trabalho, como aluguel, contas de água e luz, aponta a professora.

Dias avalia que os setores que mais ampliaram o sistema de trabalho remoto foram os ligados às áreas de tecnologia e administrativos, como telemarketing, atendimento de e-commerce, estratégia de logística, entre outros. Os setores produtivos foram os que menos aderiram ao sistema.

A farmacêutica Gabriela Esteves da Costa, de 23 anos, moradora de Ribeirão Pires, saiu da área de formação e preferiu um emprego em sistema home office. “Tive de sair da farmácia onde atuava e como trabalhei bastante tempo com atendimento ao público, estava querendo um trabalho remoto para dar uma tranquilizada”, conta.

Sistema pede mais organização

Gabriela conta que sentiu dificuldade no começo, principalmente com relação às distrações como celular e televisão. “Hoje em dia já consigo separar tudo, tenho o espaço em casa para trabalhar, e nos dias de folga deixo para resolver as coisas de casa”, afirma.

Dias orienta que o colaborador em sistema home office precisa ficar atento para manter o rendimento profissional. Separar um espaço da casa somente para o trabalho pode ajudar na concentração e rendimento. “Tenha um espaço mínimo onde seja possível que o trabalho aconteça, onde possa realizar reuniões e ligações. Tenha consciência que, mesmo em casa, quando estiver neste espaço você está ‘em’ e ‘no’ trabalho”, afirma o professor ao reforçar que é preciso comprometimento com as políticas de trabalho da empresa.

Rosana também aponta a necessidade de criar hábitos, que mentalmente organizem e criem disciplina no dia a dia. “Tenha disciplina com os horários e mantenha uma rotina. Acorde, tome café e se arrume como se fosse sair e ir para a empresa. É preciso se preparar para começar o dia. Não fique de pijama”, orienta. “Organize o espaço físico e não misture com atividades da residência, como a mesa da cozinha, sofá ou cama”, orienta.

Cuidados com a saúde

A docente da USCS também aponta que as empresas devem ajudar na manutenção da saúde do trabalhador, com a promoção de capacitações e orientações sobre postura, intervalos, mesa e material adequado. “A empresa precisa fornecer orientações e um sistema adequado de trabalho, com frequência e ajudar o colaborador a se manter saudável”, explica.

Gabriela tenta evitar que as muitas horas de trabalho sentada prejudiquem a saúde. “Eu levanto com frequência para não sentir dor nas costas. A empresa me enviou o computador para realizar o trabalho, mas para ter mais conforto eu comprei uma cadeira melhor”, conta e dá dicas para quem deseja ingressar no sistema de trabalho. “O mais importante é manter o foco e o conforto que vale muito, então se for começar com home office é interessante se disciplinar e saber separar casa e trabalho”, ensina.

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