Ibovespa reduz queda e retoma 115 mil pontos com alta de Nova York

O Ibovespa reduziu o ritmo de queda há instantes, tentando acompanhar a melhora das bolsas norte-americanas, que passaram a subir. Nos Estados Unidos, o índice que mede a construção de moradias iniciadas cresceu 0,3% em março ante fevereiro, na comparação com projeção de queda de 2,2%. “Os mercados estavam um pouco mais pesados, com juros subindo futuros. Porém, esse indicador americano trouxe alívio e Nova York melhorou. Isso fez com que o nosso mercado também absorvesse essa melhora”, avalia Fabrício Gonçalvez, CEO da Box Asset Management.

Às 11h05, o Ibovespa caía 0,35%, aos 115.280,40 pontos, se distanciando da mínima diária de 114.728,67 pontos (-0,87%). “O índice está em uma importante região, a dos 115 mil pontos, e tem tido certa dificuldade em passar essa marca. Pode ser que consiga avançar ainda hoje, buscando os 116 mil pontos, com essa melhora de Nova York alta de quase 1%”, diz Gonçalvez.

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No entanto, segue cautela dos investidores em relação ao ritmo de crescimento mundial, pressão inflacionária global e temor fiscal no Brasil. Hoje, o Fundo Monetário Internacional (FMI) cortou a projeção para a alta do PIB do planeta, de 4,4% para 3,6% em 2022. Apesar de ter reduzido estimativas para o PIB mundial, o FMI elevou a projeção para o crescimento do Brasil deste ano, de 0,3% para 0,8%, mas diminuiu a de 2023 (de 1,6% para 1,4%). Para a China baixou a previsão de alta de 4,8% para 4,4% em 2022 com política de covid zero.

“Devemos de olhar bastante para o FMI corte em projeção de crescimento mundial. Deve ser o principal driver, fora o que já vem sendo debatido, como inflação nos Estados Unidos, alta dos juros e guerra na Ucrânia”, cita Lucas Carvalho, especialista em renda fixa da Blue3.

De acordo com Joaquim Sampaio, portfólio manager e sócio da RPS Capital, as ações restritivas na China pesam, dado que o Ibovespa é composto por uma gama considerável de ações ligadas a commodities. “Até agora, as medidas de estímulo decepcionaram o mercado, com menos ajuda do que o esperado, levando a revisões para o crescimento do país, e isso é ruim para Brasil”, afirma.

Contudo, Sampaio ainda é cauteloso em mudar sua visão para Brasil após uma cidade chinesa importante produtora de aço estar passando por lockdown. “Se as commodities continuarem fortes, a tendência aqui deve continuar positiva. Ainda não é o nosso cenário básico piora. Pode ser mais um movimento de correção no curto prazo”, estima o sócio da RPS Capital.

“Pesa, mas os preços ainda estão elevados. E temos um quadro forte de inflação. Difícil enxergar as commodities voltando no curto prazo. Pode ser algo eventual, um ajuste, um momento de realização”, completa Carvalho, especialista em renda fixa da Blue3.

Internamente, o investidor fica à espera do relatório de produção e vendas da Vale, após o fechamento do mercado local. Além disso, a queda do minério de ferro na China, onde mais cidades passaram a adotar medidas restritivas contra a covid-19, tende a gerar pressão negativa sobre os papéis do setor, bem como o recuo superior a 2% do petróleo sobre as petrolíferas.

Porém, a desvalorização das commodities pode provocar o sentimento desinflacionário pontual, mas ser insuficiente para tirar as preocupações do radar, em meio às pressões de servidores para um reajuste salarial acima dos 5% propostos pelo governo. Algumas categorias têm reuniões agendas para hoje para discutir o assunto, inclusive o sindicato do funcionalismo do Banco Central (BC) tem assembleia hoje. Aliás, ontem, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, afirmou que o governo caminha para conceder um reajuste linear de 5% para todos o funcionalismo público federal.

Neste ambiente de preocupação com a escalada de preços, ficam no radar a participação de Campos Neto, na reunião de primavera do FMI e do Banco Mundial, juntamente com o ministro da Economia, Paulo Guedes. Além disso, o mercado acompanhará os discursos de dois dirigentes do Fed, além de balanços.

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