Casa de Jazz Blue Note vai estrear selo Blue Stage para a gravação de shows

A casa de jazz Blue Note, uma marca história que tem no Brasil duas filiais, vai inaugurar em breve um selo para gravar os shows que passarem por seus palcos no Rio e em São Paulo. Será a primeira vez que uma grande casa do País lança um projeto parecido para registrar, com qualidade de estúdio, as apresentações dos palcos. “Já vínhamos falando sobre como os shows são únicos e como seria importante registrá-los”, diz Flávio Pinheiro, um dos responsáveis pelo projeto. “Shows, jam sessions, experimentações… Era a hora de perpetuar alguns desses momentos.”

Serão três pernas envolvidas na estrutura do selo batizado Blue Stage (Blue Note já é nome de uma antológica gravadora de jazz dos Estados Unidos): a casa Blue Note como palco, a gravadora Musikeria como produtora executiva para cuidar de licenciamentos, marketing, capas e planejamento de lançamento, e o estúdio de gravação Alma Music, que entrará com a parte técnica, das fases de captação até mixagem e masterização. Daniel Stein, um dos sócios responsável pela programação (o outro envolvido é Luiz Calainho), diz ter visto muitas apresentações com agonia. “Muitos eram projetos especiais pensados especialmente para nosso palco. E aquilo não estava sendo gravado.”

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Apesar de ainda seguir em fase de testes, já há conversações com o grupo paulistano Funk Como Le Gusta e com o projeto FourplusOne, com três cantoras que fazem um elogiado tributo a Aretha Franklin. A ideia, segundo os envolvidos, é fazer o primeiro lançamento ainda neste semestre.

PAGANDO A CONTA

Segundo Daniel e Flávio, este não é um projeto de custos a serem repassados nem aos músicos nem à plateia. Eles dizem que o ganho que se tem ao investir em um selo com shows captados dentro da casa é com o reforço da marca Blue Note. “Temos percebido que o público tem sido cada vez maior. Um projeto assim pode trazer um maior engajamento das pessoas.”

Selos de casas ou festivais de música pelo mundo não são raros e alguns se tornam antológicos. O mais conhecido deles é o projeto que passou a captar e a lançar muitos dos shows do Montreux Jazz Festival, o festival realizado na Suíça desde 1967 idealizado por Claude Nobs com a ajuda de Nesuhi e Ahmet Ertegün, da gravadora Atlantic Records. A partir de um tempo, os shows brasileiros passaram a contar com a curadoria do produtor Marco Mazzola. Gravações de Gilberto Gil, Hermeto Pascoal e, mais recentemente, de um show de Djavan em 1997, são marcos das passagens brasileiras por este palco.

Elis Regina virou um case. Ela fez o empresário André Midani jurar que jamais lançaria em LP o áudio de seu show, que considerou ruim. Mas, depois de sua morte, em 1982, Midani quebrou a promessa e o lançou.

Mesmo que a vontade seja de gravar tudo, Flávio diz que é necessário ter a aprovação dos artistas. Em um mundo que passou a revalorizar o exclusivo e o inédito, seu projeto pode ser a porta para a construção de um passado musical valioso.

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