O Hospital e Maternidade Ribeirão Pires, que pertence à Rede D’Or, é alvo de uma denúncia de transfobia ocorrida na quinta-feira (27/01). A vítima, Júlia (nome fictício) é uma joven trans de 17 anos que, mesmo tendo o nome social na sua ficha médica, foi chamada pelo nome masculino. Mesmo sendo informado sobre o nome social, o médico se recusou a chamá-la pelo nome com o qual ela se identifica. Houve discussão e o profissional recusou atendimento. O caso foi parar na polícia que registrou o caso como “desinteligência”.
Júlia e a mãe, Rosa, estavam com sintomas de covid-19 e foram ao hospital, que fica no Centro Alto, para confirmar se estavam ou não com a doença. Aguardaram ser chamadas e quando chegou a vez da jovem, o médico a chamou pelo nome masculino. A mãe interveio. “Eu expliquei para ele que minha filha tem nome social e, pela lei, ele teria que tratá-la por ele, e não pelo nome do documento. Ele não quis conversa disse que ele só chamaria pelo nome do documento e que nós saíssemos do consultório que uma colega dele iria atender. Ele praticamente nos expulsou do consultório”, relatou.
Rosa disse que desde o episódio a jovem chorou muito e nos dias que se seguiram após essa situação ela permaneceu dentro de casa sem sair. “Me recomendaram até que passasse em um psiquiatra. Isso tudo fez muito mal a ela, ele não precisava ter feito o que fez. Na minha família a Júlia é aceita e nós a amamos do jeito que ela é”, destacou a mãe.
A família vai processar o hospital, mas Rosa disse que não quer ficar com um centavo de indenização. “Eu penso em doar tudo para entidades que ajudam jovens trans a conseguirem emprego, porque é por atitudes como essa que as pessoas trans não conseguem colocação no mercado de trabalho”, conta.
Em nota sucinta, a Rede D`Or diz que apura o que aconteceu no Hospital Ribeirão Pires. “A unidade é contra qualquer postura nesse sentido e informa que instaurou um procedimento interno para análise do ocorrido”, diz o comunicado.