Quando a alimentação não é feita de forma correta, com a ingestão de diferentes grupos alimentares, podemos privar nosso organismo de importantes nutrientes. A recusa de certos alimentos na infância, fase em que os pequenos precisam fortalecer o organismo e garantir um desenvolvimento saudável, gera preocupação em muitos pais e mães. Para tratar a seletividade alimentar é preciso ter muita paciência e persistência da família.
A psicóloga Beatriz Martinelli, coordenadora da clínica Arte Psico, de São Bernardo, afirma que é importante ficar atento aos sinais, quando a recusa afeta a saúde da criança. “É preciso procurar ajuda profissional. E o tratamento vai além da clínica, a participação dos pais é essencial nesse momento”, explica em entrevista ao RDtv.
Alguns fatores desencadeiam a recusa por certos alimentos, como a preferência por sabores, texturas e cores, fobias, alterações no paladar, problemas para mastigar ou engolir, entre outros. A criança faz associações e pode optar por comer alimentos semelhantes aos que ela gosta mais e recusar aqueles que, em algum momento, a desagradou de alguma forma. Além disso, segue o padrão alimentar dos pais. “Os hábitos alimentares da família refletem na preferência das crianças, além disso, algumas vezes os pais reforçam a recusa ao permitir e normalizar que os filhos não comam certos alimentos ou insistir para que comam. É claro que há preferências, mas a dieta deve ser composta por diferentes grupos alimentares (carboidratos, proteínas, entre outros)”, afirma.
Antes de oferecer a comida, diz, é preciso tornar o ambiente agradável e o hábito prazeroso. Sentar à mesa com a família faz com que a criança observe o ambiente e as pessoas, ajuda no desenvolvimento e promove a interação. “Então, sente-se com a criança, aproveite para ensinar a usar talheres, mostre a comida, o cheiro e a textura, coma com ela. Utilize recursos, como brincadeiras, deixe um objeto de reforço próximo, como um brinquedo preferido”, ensina a psicóloga.
Mudar a forma de apresentação do alimento é outra saída. “A partir destes testes entendemos se o que incomoda é o gosto ou a textura, por exemplo”, afirma.
Entender os gatilhos
Se a recusa alimentar envolver alterações comportamentais como afastar o prato, choro, gritos, e além disso, afeta a saúde da criança, é preciso recorrer a profissionais da saúde. “Os pais podem procurar um gastroenterologista e uma nutricionista, para que se possa avaliar se há algum problema físico relacionado à mastigação ou ao ato de engolir. Se descartada essa possibilidade, podem recorrer ao psicólogo para entender quais são os gatilhos. Fonoaudióloga e terapeuta ocupacional auxiliam no tratamento”, diz.
A partir da avaliação, os profissionais podem traçar um plano para a introdução de diferentes alimentos no cardápio, com prioridade para aqueles que já são aceitos pela criança. “É um trabalho feito em parceria com a família. O empenho dos adultos é fundamental e garante o sucesso do tratamento”, completa.