ABC - segunda-feira , 29 de abril de 2024

Com saúde sobrecarregada, S.André muda forma de atender sintoma gripal

Depois de São Bernardo, agora também Santo André vai adotar uma forma diferente de atender pacientes com sintomas gripais que podem estar com influenza, com covid-19 ou os dois ao mesmo tempo, a chamada flurona. A prefeitura vai atender pacientes com este tipo de sintomas não apenas nas seis UPAs (Unidades de Pronto Atendimento), mas também em dez Unidades Básicas de Saúde que serão referência para esses casos. Os demais atendimentos serão remanejados para as unidades restantes. O secretário de Saúde, Márcio Chaves, disse em entrevista ao RDtv desta quinta-feira (06/01) como essa estratégia vai funcionar e falou também que a cidade está em alerta amarelo, com aumento de 70% nos atendimentos, mas em compensação, a ocupação de leitos se mantém abaixo de 20%.

Enquanto São Bernardo optou por transformar as salas de vacina em locais de atendimento para sintomas gripais, separando os fluxos, Santo André separou as unidades básicas em dois grupos, um vai continuar dando os atendimentos normais para outros problemas de saúde e os casos de doentes crônicos e gestantes, o outro grupo, da qual fazem parte uma UBS em cada região vai atender os casos de sintomas de gripe e covid-19 das 7h às 22hs. Essa nova estratégia começa a funcionar na segunda-feira (10/01). As unidades de referência são: Moisés Fux, Centro de Saúde Escola, Vila Guiomar, Vila Linda, Vila Humaitá, Jardim Irene, Vila Luzita. Paranapiacaba, Parque Andreense e Parque Miami. A ideia, segundo Chaves é separar os fluxos de atendimento e evitar a contaminação cruzada.

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Nos últimos 20 dias, entre a segunda quinzena de dezembro e os primeiros dias de janeiro, o aumento da procura pelos postos de saúde foi de 70% segundo as contas da prefeitura e a cidade já registra cinco casos de flurona. Esses pacientes não são graves e estão isolados em casa. “Essa situação nos coloca no alerta amarelo de atenção e o próximo quadrimestre será intenso de trabalho na área da saúde”, avaliou Chaves que acredita que a situação ainda pode piorar. “Ainda não estão nestes números o reflexo das festas de Natal e Ano Novo, isso a gente vai começar a sentir na semana que vem ainda”, prevê.

Médicos

Segundo Chaves, apesar da lotação nas unidades, o tempo de espera tem ficado na média entre duas horas e duas horas e meia se não houver necessidade de exames de imagem. Com a previsão de procura mais intensa na próxima semana outra estratégia da prefeitura é contratar mais médicos e para isso o município está chamando aqueles profissionais que atuaram nos hospitais de campanha na cidade que já têm uma expertise maior no atendimento de casos de covid-19.

A testagem, tanto para influenza como para covid-19 também vai aumentar. Atualmente a prefeitura dispõe de 2,5 mil testes para covid-19, mas quer contratar laboratórios para ter uma gama maior; dentro de 45 dias já terá capacidade para realizar 20 mil testes. A prefeitura ficaria então com os serviços de testagem públicos feitos pelo Adolfo Lutz e Butantan e os particulares. A testagem será feita a critério dos médicos de acordo com a classificação de risco.

“Estamos começando ano com uma situação parecida como começamos 2021, só que agora com as vacinas. Os 20% de ocupação de leitos correspondem a mais ou menos 20 internações sendo que 87% destes casos são de pessoas que não se vacinaram. A vacina tem importância fundamental no não agravamento dos casos e na não hospitalização”, afirma.

Márcio Chaves disse que recomendou a exigência de vacinação dos servidores. (Foto: Reprodução)

Como ainda não houve um aumento expressivo nas internações a reabertura de hospitais de campanha não foi cogitada ainda. “O que temos agora é a pressão do atendimento do atendimento na porta seja das UBSs seja das UPAs. O CHM (Centro Hospitalar Municipal) será nossa grande referência, estende o credenciamento buscando hospitais privados que queiram oferecer leitos então vamos ampliar rapidamente. Vamos não só contratar novos médicos como remanejar os horários dos que estão trabalhando.  Estamos evitando que fechem serviços de atendimento como aconteceu durante um ano e oito meses o que comprometeu de forma geral a saúde. Nossa aposta é de que a vacinação, que temos alto índice de adesão, garanta que não tenhamos grande número de internações, porque os casos serão leves, mas a expectativa vai ter que ser apurada diariamente.

Servidores

Reportagem do RD desta semana (https://www.reporterdiario.com.br/noticia/3045683/no-abc-mais-de-18-mil-servidores-publicos-nao-estao-obrigados-a-se-vacinar/) mostrou que Santo André é uma das cidades que não exige do funcionalismo público a vacinação contra a covid-19. Chaves disse que a sua pasta já orientou o prefeito Paulo Serra (PSDB) neste sentido, mas ponderou que no momento a posição é de orientação aos servidores. “Esse tema está colocado para o prefeito e não tem sentido não exigir a comprovação de vacinação para todos. Se a pessoa se contaminar vai deixar de prestar serviço público e na saúde, por exemplo, é muito prejudicial não ter toda a nossa carga horária para atender. Temos procurado fazer através de gestos conscientizando de que a vacina salva vidas e evita a internação. Com certeza se não alcançar o resultado, medidas mais duras serão tomadas neste sentido”.

Crianças

O secretário de Saúde de Santo André disse que, desde que a vacina foi aprovada para crianças pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) em 16 de dezembro, deixou equipes durante o Natal e Ano Novo de sobreaviso para se for necessário desencadear o esquema de vacinação. Agora ele diz que a cidade já tem estratégia desenhada para garantir a imunização das crianças de 5 a 11 anos.

Nesta primeira fase a prefeitura espera vacinar entre 25 a 28 mil crianças. “Podemos mobilizar Drive-thrus e unidades de saúde se for importante, mas acho que não teremos vacina suficiente para abrir muitas frentes. Se receber e precisar abrir em escolas e em centros comunitários vamos fazer. Todo mundo quer ver seu filho vacinado então chegou (a vacina) o quanto antes vamos garantir esse direito. O procedimento vai ser o mesmo, por agendamento, assim a gente garante a condição de não ter transtorno na vacinação. Se precisar ir para as escolas, vamos para as escolas – como o govenador João Doria sugere. Eu vejo isso com bons olhos só não acredito que vamos ter vacinas suficientes”, conclui.

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