
O movimento SOS Paranapiacaba realiza no domingo (05/12) no vão livre do Masp, na avenida Paulista, em São Paulo, um ato contra a implementação de um Centro Logístico Fazenda Campo Grande, ou porto seco, próximo da Vila de Paranapiacaba, Santo André. A manifestação, que terá aula pública e apresentações culturais, ocorrerá a partir das 10h. O projeto envolve investimento de R$ 780 milhões, está previsto para ser construído a pouco mais de 4 quilômetros da Vila de Paranapiacaba e promete gerar 600 empregos diretos.
O objetivo é dar visibilidade e atrair adesões à causa, já que é grande o número de pessoas e instituições que se manifestaram contra o empreendimento. Silvia Helena Passareli, professora da UFABC e integrante do movimento SOS Paranapiacaba diz o grupo não é contra centros logísticos, mas apenas contra o projeto naquele local, inserido em área de preservação ambiental e de interesse turístico. “A gente não sabe direito que tipo de materiais seriam estocados nos galpões que eles querem construir, nem se sabe direito que tipo de empreendimento que nos parece ser mais um empreendimento imobiliário, e quem o centro logístico iria desmatar para atrair interesse de investidores, além disso fica na porta de Paranapiacaba que tem grande interesse ambiental e turístico, fica às margens do Rio Grande, um manancial que abastece a Billings e que contribui para abastecer toda a região metropolitana. Esse empreendimento é impensável principalmente agora que estamos vivendo a segunda crise hídrica nos últimos anos”, analisa.
Na opinião da professora, além do desmatamento e de prejudicar a represa esse empreendimento traria outros tipos de problemas. “Vai ter a poluição do ar e do solo, com fumaça e óleo de caminhão, além disso vai atrair, como notamos em outros centros logísticos comércio ilegal e prostituição”, aponta.

“É um ato político que busca adesões e mais parceiros para essa causa. Vamos ter carro de som e a ideia é ampliar essa discussão para fora do ABC, pois o centro logístico trará impacto para toda a região metropolitana”, conclui Silvia.
“A serra do mar e a vila de Paranapiacaba são patrimônios do Brasil e é dever de todos lutar pela preservação de ambas. Por isso marcamos nosso ato na paulista. O porto seco não é apenas um problema local, do município de Santo André, o empreendimento ameaça o patrimônio histórico nacional (a vila é tombada pelo IPHAN, Condephaat e Condephaasa) e o pouco que resta da Mata aAtlântica na região metropolitana de São Paulo. O local, preservado como está hoje, tem valor histórico, cultural, material, imaterial e ambiental inestimáveis, por isso, convido todos à manifestação deste domingo”, afirma Jairo Costa, pesquisador, ativista do SOS Paranapiacaba e integrante do Condephaapasa (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arquitetônico-Urbanístico de Santo André).
Embate
Após audiências públicas realizadas em dezembro de 2018 empreendedores do centro logístico sofreram resistência ao projeto e ações na Justiça. A maioria dos presentes se colocou contra o projeto, a maioria deles moradores e empreendedores de Paranapiacaba, além de entidades ambientais. Em março de 2021, o Tribunal de Justiça de São Paulo reverteu o embargo que proibia a construção do empreendimento naquela região, expedido pela 1ª Vara da Fazenda Pública que suspendeu o avanço da obra em 2019. O movimento agora recorreu ao STJ (Superior Tribunal de Justiça) e ao STF (Supremo Tribunal Federal) contra o projeto de devastação ambiental.
Segundo o consultor imobiliário Arivaldo Xavier, que trabalha com o centro logístico, diz que o empreendimento é necessário para a região. “O Porto de Santos recebe 25% das cargas de todo o País e logo, logo a Anchieta vai parar. O porto seco vai garantir 83% de preservação da Mata Atlântica, e é mentira o que dizem que vai aterrar nascente, além disso vai ter integração 100% com a rede ferroviária”, sustenta.
Segundo Xavier, a mata está preservada no local até hoje graças aos proprietários. “Prova disso é a Solvay que tem 10 milhões de metros quadrados de mata preservada. A área do centro logístico é de 5 milhões. O empreendimento é necessário, se não for esse será outro, mas a região precisa. O governo federal acaba de lançar um projeto para aumentar a malha ferroviária, e eu vejo que esse é um momento muito oportuno para o país voltar a investir em ferrovias e também para um projeto como esse do centro logístico”, completa.
O empreendimento que prevê investimento de R$ 780 milhões em área de mananciais e próximo à Vila de Paranapiacaba com previsão também de geração de 600 empregos diretos. O CLCG prevê ainda compensação ambiental pela área desmatada, na proporção de cada 5m² construídos outros 4m² serão implementados em uma “nova reserva de Mata Atlântica”.