O trabalhador não é o problema de qualquer crise econômica no País, ele é a solução. A frase é do economista Volney Gouveia, gestor do curso de Ciências Econômicas da USCS (Universidade de São Caetano do Sul). Em entrevista ao RDtv desta quinta-feira (11/11), Gouveia ressalta a necessidade de uma nova CLT (Consolidação das Leis do Trabalho).
A lei nº 13.467, que consistiu em modificar e incluir novos dispositivos na legislação trabalhista, completou quatro anos em julho de 2021. Ao falar sobre a reforma trabalhista, o economista defende a necessidade de se avançar para uma nova CLT. Segundo Volney, isso sinalizaria um fortalecimento das relações de trabalho e não para a fragilização do trabalhador.
“Não podemos nos dar ao luxo de desperdiçar o capital humano”, frisa. O gestor enfatiza que, no Brasil, perdura a ideia de que o problema da competitividade nas empresas e a capacidade de produzir riquezas estão no trabalhador. “Este é um equívoco profundo”, destaca. “A precarização do trabalho não interessa ao País, muito menos às empresas”, pontua.
Sobre a alternativa para este cenário, Gouveia reforça a necessidade de remodelar a CLT e buscar o aprofundamento da formalização do trabalho, mas salienta que apenas isso não é o suficiente. “Essa formalização precisa, obrigatoriamente, vir acompanhada de um processo de treinamento contínuo do nosso trabalhador”, diz.
Entre as modificações adotadas com a Reforma Trabalhista, incorporou-se o chamado “trabalho intermitente”. Nesta modalidade, o trabalhador pode prestar serviços de forma contínua, ou em blocos de horas que completem sua carga horária, estabelecida pela legislação. Um outro item incorporado com as mudanças foi o home office. Volney aponta que, com o trabalho remoto, poucas empresas oferecem o aparato necessário para que seus funcionários desempenhem o trabalho em casa.
O economista ainda evidencia a importância de compreender o baixo crescimento econômico brasileiro. O professor da USCS explica que, em levantamento realizado por ele próprio, notou que a taxa de desemprego triplicou nos últimos 10 anos, ao chegar em quase 15%. “O País entrou em uma piração política e criamos uma aversão ao investidor externo ou interno, o que tirou a potência da economia, diminuiu a atividade econômica, colocou as empresas em uma situação de maior dificuldade e, por conta disso, essa agenda de reforma ganhou destaque. (Nesse cenário) É fácil encontrar um Judas para justificar o estado de crise que você está envolvido”, completa.