Até o dia 17 de janeiro os dados sobre a Covid-19 focavam apenas em infectados, internados e mortos pela doença. Desde então a esperança aumentou com o início da imunização, porém 10 meses depois ainda há preocupação com aqueles que não querem se vacinar ou que esqueceram de completar o seu esquema vacinal. Para o médico infectologista, David Uip, em entrevista ao RDtv na última sexta-feira (5/11), tal cenário incomoda. Em quatro das sete cidades da região, são quase 100 mil pessoas em atraso.
Uip relatou que chega a receber em seu consultório alguns pacientes que afirmam que não pretendem se vacinar contra o novo Coronavírus. “Não consigo entender, porque aí não é uma responsabilidade só pessoal, é uma responsabilidade pública. Quando você se protege e diminui a circulação do vírus, você protege outras pessoas. Eu entendo como inaceitável que as pessoas não se vacinem a despeito de qualquer convicção, inclusive política. O maior bem que se tem hoje é a prevenção e a melhor forma de fazer prevenção é a vacina”, diz o infectologista.
A reportagem entrou em contato com sete cidades questionando sobre o atual cenário dos não vacinados ou dos atrasados em relação ao esquema vacinal. Em Ribeirão Pires a estimativa é entre 2,5 mil a 3 mil pessoas que estão nos grupos autorizados e que ainda não procuraram os postos para a imunização. Outras 10 mil estão com a segunda dose em atraso, fato que pode prejudicar no tempo para tomar a dose de reforço.
“Nossa maior preocupação é o contágio. A pessoa que se nega a tomar vacina, ou que ainda não tem o esquema vacinal completo, além de se contaminar pode contaminar os outros. Além disso, um número alto de pessoas que ainda não se vacinaram sobrecarrega o sistema de saúde”, disse a diretora de Vigilância a Saúde de Ribeirão Pires, Patrícia Bezerra.
Em Rio Grande da Serra, a estimativa é que 9.712 pessoas estão atrasadas com a segunda dose. A Prefeitura considera que algumas características da cidade colaboram para essa situação. “A cidade tem a característica de ter grande parte da população trabalhando em outras cidades da região, inclusive nas áreas de Saúde e Educação, o que explica o fato de vários profissionais terem sido imunizados em seus locais de trabalho, dispensando a aplicação onde moram”.
“A preocupação com a população que está com a segunda dose da vacina atrasada é porque não completou o seu esquema vacinal, o que garante maior proteção contra a Covid. Em relação às pessoas que se negam a tomar a vacina, já foram demonstrados os benefícios da vacina, principalmente na redução nos índices de internação e de letalidade. Estamos fazendo uma busca ativa destas pessoas, orientando para que tomem a primeira dose. O município disponibiliza a vacinação em qualquer UBS da cidade, sem agendamento. A conscientização não vem apenas da saúde, mas dos familiares e de outras pessoas que, também, auxiliam nessa campanha em prol da vacina contra a Covid-19”, disse o secretário de Saúde, Tchello Pierro.
No caso de São Bernardo, são 42.11 pessoas que não tomaram a vacina ainda e outras 63.240 que estão com o esquema atrasado, segundo estimativa da Prefeitura com base na estimativa populacional do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Assim como em outras cidades, a busca ativa e as campanhas de conscientização viraram o grande foco.
“A ampliação da cobertura vacinal da população é fundamental para a diminuição da circulação do vírus da Covdi-19 e, em consequência, redução dos casos graves, das internações e das mortes em razão da doença. A imunização é um ato de responsabilidade coletiva e, quanto mais pessoas nós conseguirmos vacinar, mais rapidamente vamos superar essa pandemia e todos os seus efeitos”, destacou o secretário de Saúde, Geraldo Reple Sobrinho.
No caso de São Caetano, 10.740 pessoa ainda não completaram seu esquema vacinal. Para o comando da Prefeitura, a antecipação do prazo para segunda dose acabou não gerou uma procura imediata dos que já estavam aptos, e assim o sistema acaba emitindo o alerta de atraso da vacinação.
Aconteceram mudanças em duas vacinas disponíveis. Para quem tomou Pfizer e tem mais de 18 anos, o prazo para a segunda dose é de 21 dias, para os adolescentes o prazo é de oito semanas. No caso da Astrazeneca, o prazo caiu para oito semanas. Coronavac segue com 28 dias e a Janssen necessita apenas de uma dose para criar a imunização completa.