
Além da campanha em prevenção ao suicídio, setembro também é conhecido como o mês de conscientização ao câncer de intestino, e pretende informar a população sobre como se prevenir contra a doença. O câncer de intestino abrange os tumores que se iniciam na parte do intestino grosso chamada cólon, no reto (final do intestino) e ânus. Também é conhecido como câncer de cólon e reto ou colorretal.
Em entrevista ao RD, o médico oncologista da Faculdade de Medicina do ABC, Daniel Cubero, explica que esta doença é mais comum do que se imagina. “Os tumores do cólon e reto são a segunda maior ocorrência de câncer entre as mulheres, e a terceira entre homens”, explica ao citar que o câncer colorretal é bem raro entre jovens, a não ser que se tenha uma alteração genética ou casos de doença na família. “Fora disso, raramente ocorre antes dos 50 anos”, afirma.
“O mais impressionante é que, apesar dessas ocorrências elevadas, são doenças passíveis de prevenção. Todo câncer de colo e reto se origina de uma lesão chamada pólipo, uma pequena saliência no intestino, que infelizmente é assintomática. Digo infelizmente porque a pessoa vive muitos anos com isso sem saber, o que pode atrasar o diagnóstico”, diz o especialista ao salientar que um terço das pessoas acima dos 50 anos tem um pólipo no intestino grosso, e não sabe. “E esse pólipo pode virar um câncer, sem apresentar nenhum sintoma”, explica.
Segundo dados divulgados pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA), a estimativa de novos casos de câncer no intestino no ano de 2020, era de 40.990, sendo 20.520 homens e 20.470 mulheres e o número de mortes era 20.578; sendo 10.191 homens e 10.385 mulheres.
Ao ser questionado sobre os sintomas, Cubero relata que, grande parte dos sinais surgem já nas fases avançadas. “Os sintomas, como cólicas, diarreia e sangue nas fezes surgem depois. Mas existe a prevenção, através da colonoscopia. A partir dos 50 anos, ela deve ser feita pelo menos uma vez a cada 10 anos!, sugere. Caso seja identificado pólipo, o intervalo deve ser mais curto. “A chance de cura, caso seja descoberto na fase de pólipo, é de 100%”, diz ao enfatizar que na medida que o tumor cresce, essas chances diminuem.
Em casos avançados, a indicação do especialista é o tratamento cirúrgico, que pode depender também de quimioterapia para aumentar as chances de cura dos pacientes. “Caso já esteja em metástase, já não há mais chance de cura, então o tratamento passa a ser paliativo, baseado em quimioterapia, drogas alvo moleculares, e é um tratamento extremamente caro. Pensando em saúde pública, o ideal é evitar que as pessoas desenvolvam o câncer, através de um programa de prevenção adequado”, informa Cubero.
Números no ABC
Em 2019, foram realizadas, em São Bernardo, 11.097 consultas oncológicas e registrados 256 casos novos de câncer gastrointestinal. Já em 2020, foram realizadas 10.555 consultas e 250 casos novos de câncer gastrointestinal foram contabilizados. Neste ano, até agosto, foram realizadas 6.193 consultas oncológicas e observados 156 casos novos de câncer.
Em São Caetano, foram realizados 181 atendimentos de câncer de cólon em 2019, Em 2020, foram 382 consultas. E apenas neste ano, já foram realizados 777 atendimentos para pacientes com câncer de cólon.
Santo André registrou, em 2019, 1.346 atendimento oncológicos, em 2020 foram realizados 1.353 e em 2021, até o momento, foram realizados 757 atendimentos. O município registrou 30 diagnósticos de câncer de intestino em 2019, 23 casos em 2020 e 11 casos em 2021.
As demais cidades não se manifestaram até o fechamento da reportagem.