A Câmara de Mauá negou nesta terça-feira (14/9) o pedido de impeachment contra o prefeito Marcelo Oliveira (PT) por 21 votos contra e uma abstenção (Admir Jacomussi/Patriota). A votação acabou virando um período de críticas contra o vereador Sargento Simões (Podemos), pois em seu discurso o autor da ação contra o chefe do Executivo insinuou que parlamentares deixaram de assinar o requerimento pedindo a CEI (Comissão Especial de Investigação) da Iluminação Pública por causa de uma suposta propina.
Simões discursou logo no início do processo de avaliação do pedido. Em boa parte do seu discurso, Simões criticou ferozmente o governo de Oliveira, mas pouco citou o motivo do processo de cassação, os supostos problemas em relação a vacinação contra o Covid-19. No meio de sua fala, acabou relatando sobre a CEI (equivalente a uma CPI), dando a entender um problema grave na retirada de assinaturas no requerimento. (Confira abaixo o áudio completo com a fala de Sargento Simões).
“Os vereadores assinam a CEI, pois sabem que é importante para o município, daí vem o governo e barra a CEI, porque? Eu só sou obrigado a entender uma coisa, tá ganhando, (fala inaudível), tá tendo dinheiro, não tem outra explicação, não tem. Interesse financeiro em detrimento dos pobres daqueles que ele tem (sic)”, esbravejou.
Na parte final do discurso, o parlamentar reclamou da maneira que o governo responde os seus requerimentos e que poderia protocolar mais um processo de impeachment caso seja necessário, e terminou com uma resposta para quem o criticou afirmando que o pedido de cassação era apenas para colocar seu nome em evidência para as eleições de 2022.
“Para quem acha que estava querendo aparecer, para quem acha que é palanque de campanha, eu sou pré-candidato sim, eu vou dizer o seguinte para quem acha isso, eu estou cagando e andando, eu não estou nem aí, estou cagando e andando para quem acha que eu estou querendo aparecer. Eu não quero aparecer, eu quero que o governo apareça (sic)”, concluiu.
Na sequência os parlamentares não esconderam suas críticas as falas de Simões, afirmando que o discurso demonstrava que não demonstrava qualquer crime de responsabilidade, que o autor da matéria deveria investir seu tempo em debates mais importantes para o município. O suplente de vereador Márcio Bertucci (Podemos), que assumiu a cadeira do Sargento Simões, pois como autor do pedido não poderia votar na admissibilidade, defendeu o governo e a Secretária de Saúde em relação a vacinação, assim como outros parlamentares.
Outros legisladores chegaram a chamar a atitude de Simões como “circo” e que demonstrava desrespeito com os colegas. Alguns chegaram a defender que o autor da matéria deveria sofrer alguma sanção sobre o assunto.
Admir Jacomussi, único a se abster, considerou que existem dúvidas sobre o pedido contra Marcelo e que não faria com o atual o prefeito o que foi feito com o ex-prefeito Atila Jacomussi (então no PSB, hoje no Solidariedade), em 2019.
Repercussão
Após a divulgação da matéria com o ocorrido na sessão, os vereadores não esconderam o incomodo com as falas de Sargento Simões. O presidente do Legislativo, José Carlos da Silva Martins, o Zé Carlos Nova Era (PL), afirmou que vai verificar com a assessoria jurídica da Câmara a possibilidade da criação de uma comissão de ética para avaliar as falas de Simões na tribuna.