Divannin Gregório dos Santos (59), moradora de Rio Grande da Serra, está internada no Hospital Estadual Mário Covas, em Santo André, onde aguarda a doação de um tipo raro de sangue. O tipo sanguíneo em questão é o RH nulo, também conhecido como ‘sangue dourado’, o mais raro do mundo. Além de possuir anemia, a munícipe corre risco de amputar parte do pé.
Vitória Silva (16), a filha de Divannin, conta que a mãe tem convivido com anemia durante toda a sua vida, o que torna necessário o consumo de vitaminas. No entanto, em julho deste ano, Santos passou a sentir um forte mal estar. “Levamos ela na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) duas vezes. No dia 1, meu pai a levou pela terceira vez porque não aguentava mais ver minha mãe naquela situação de fraqueza. Ela também teve muita ânsia, vomitava bastante e não tinha apetite. Na terceira vez foi informado que a anemia estava muito baixa e ela seria encaminhada ao Hospital Nardini, em Mauá, para que pudesse receber a transfusão”, relata.
Entretanto, Divannin já havia sido internada outras vezes, entre 2017 e 2018. Em uma das ocasiões, quando também precisou de transfusão sanguínea, os médicos que tratavam de seu caso acreditavam que o seu tipo sanguíneo era O negativo. “Foi uma conclusão totalmente precipitada que eles tomaram. Arrecadamos bastante sangue com doadores de O negativo mas, no final das contas, ela não conseguiu tomar o sangue porque não era compatível. Então eles fizeram a transfusão de plasma para ela”, conta a filha.
Segundo Vitória, após encaminhamento ao Hospital Nardini, o plano era coletar o sangue da mãe para que um teste fosse feito e uma bolsa de sangue pudesse ser recebida. Porém, o sangue não foi encontrado. “Só que eles não nos falavam nada, apenas que o sangue dela tinha uma pequena alteração. Ela ficou bem mal, chegou a ir para a UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e cuidaram bem dela”, diz. Em seguida, Divannin foi encaminhada para o Hospital Estadual Mário Covas, em Santo André. “Eles têm mais recursos e conseguiriam fazer os exames que ela precisava, além de haver mais chance de encontrar o sangue”, completa.
Ainda no Hospital Nardini, a necessidade de uma transfusão para Divannin tornou-se ainda mais urgente, após um problema na circulação do sangue que surgiu na região de seus pés. Um dos membros passou a inchar e escurecer, o que levou a equipe médica a levantar a hipótese de amputar ao menos uma parte de seu pé.
Já no Hospital Mário Covas, o tipo sanguíneo da paciente foi enfim informado. Um doador de “sangue dourado” passou a ser procurado mas a tarefa não é fácil. Isso porque, até o momento, somente cerca de 40 pessoas foram registradas como portadoras do RH nulo no mundo todo. Uma pessoa de Rio Grande do Sul, que alegava possuir o mesmo tipo sanguíneo, chegou a contatar a família para informar que possuía interesse em realizar a doação, mas desistiu em seguida.
Vitória Silva relata que, por conta da má circulação do sangue, os dedos da mãe ainda estão pretos e Divannin não consegue firmar o pé no chão, de modo que passa os dias deitada. A família segue em busca de um doador. Portadores do RH nulo podem entrar em contato com o Hospital Estadual Mário Covas para realizar a doação.