Com o avanço da vacinação contra covid-19 e, consequentemente, a retomada gradativa do turismo, o interesse do brasileiro em viajar aumenta. Além da recuperação econômica, as agências de viagem esperam o aumento da demanda, com oferta de passagens e pacotes atrativos para todos os bolsos. Apesar disso, a sugestão de especialistas é o consumidor pesquisar bastante para evitar prejuízos no bolso.
A operadora de viagens CVC, com unidades no ABC, prevê melhora nas vendas a partir de setembro, impulsionadas pelas viagens de lazer em destinos domésticos. O presidente da CVC Corp, Leonel Andrade, acredita até que vão faltar aviões e hotéis no final do ano e a previsão é que, para a temporada de verão, haja crescimento exponencial do número de viagens nacionais puxado pelo avanço da vacinação.
Neste momento, alguns dos destinos nacionais mais buscados na empresa ficam nas regiões Nordeste (Maceió, Natal, Recife, Porto Seguro e Porto de Galinhas) e Sul (como Florianópolis e Serra Gaúcha). Já no turismo internacional – que tem voltado mais lentamente devido às restrições de entrada de estrangeiros – os destinos mais procurados são Cancun e Punta Cana.
Entre janeiro e junho deste ano, a Viajanet, uma das principais agências de viagem online do País, registrou 7,7% de buscas para São Paulo (GRU), seguido de Recife (7%), Salvador (5,7%) e Rio de Janeiro (5,4%). Neste período, as visitas na plataforma foram caracterizadas por: homens (58,81%) e mulheres (41,19%), sendo a maioria por interessados com idades de 25 a 34 anos.
Em entrevista ao RD, o professor do curso de Ciências Aeronáuticas da Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), Volney Gouveia, alerta a população a respeito da circulação da variante Delta, da covid-19, que pode impactar na retomada do turismo. “Existe a percepção do abrandamento da pandemia, o que tem aumentado a circulação de pessoas e de mercadoria, mas não podemos esquecer da variante e lembrar de que a pandemia não acabou”, alerta.
Descobrir destinos
Apesar disso, o professor destaca em sua pesquisa para a Conjuscs, do Observatório de Políticas Públicas da USCS, que o cenário é de recuperação, para correções estatísticas. “Assim o passageiro não tem muito o que se preocupar”, diz. Segundo Gouveia, o setor, como um todo, mas principalmente a viação, perdeu muitos passageiros, e com isso, os valores das passagens não devem ficar acima da média. “O Brasil realizou cerca de 10% dos voos feitos em 2019, com prejuízo de R$ 20 bilhões, tudo por conta da pandemia. Portanto, o segredo é ‘descobrir’ destinos para os quais há excesso de oferta e/ou baixa demanda, para então comprar passagens”, sugere.
No entanto, para aproveitar melhores preços é necessário alguns cuidados fundamentais em relação ao transporte aéreo. Segundo o professor, planejar e monitorar regularmente a movimentação dos preços é a melhor estratégia para identificar o momento ideal de compra, e seguir sempre a sugestão de comprar com antecedência, de pesquisar nos mega buscadores e nos próprios sites das companhias. “Hoje, como temos muitas opções no virtual, as empresas estão com grandes ofertas nas passagens, mas também nos pacotes de viagem, que incluem hotel e até transfer dos passageiros”, explica.
Pesquisar preços
Ao procurar por um voo nos mega buscadores, é importante sempre observar a mesma opção no site eletrônico da empresa que realizará o voo. “Porque, invariavelmente, o comissionamento pago aos mega buscadores acaba por refletir nos preços finais praticados, então a importância de se comparar os preços”, orienta.
O tempo de busca das passagens também pode interferir no resultado final. “Não existe um tempo mínimo padrão, mas, se a motivação da viagem é turismo, recomenda-se comprar sempre com antecedência máxima de 10 meses e mínimo de seis meses”, explica o professor ao citar que o cálculo médio se dá pela quantidade de assentos disponíveis e as demandas para as viagens.
Viagens de negócios
Ainda de acordo com o professor, a pandemia também alterou as formas de relacionamento com as viagens de negócios, fortemente afetadas com o isolamento social. “A longo prazo o setor de negócios também está associado à recuperação econômica. Esperamos uma alta de passageiros neste setor, mas não na mesma proporção, por conta do home office”, cita.
Apesar disso, Gouveia projeta que a demanda que antes costumava ser de emergência – com compra de passagens em menor antecedência – deva ganhar um espaço maior no Brasil de forma gradativa. “É um novo nicho que deve aparecer, com novos comportamentos somados às empresas. Acreditamos que as pessoas continuarão a fazer viagens de negócios e agora até estiquem um pouco mais para aproveitar os destinos”, projeta.
Neste sentido, a não ser viagem de negócios em que há necessidade de deslocamento repentino, a orientação é que no período da pandemia a população se planeje para evitar gastos. “Diferente do que pensam, esse não é o momento exato de viajar, mas sim de se programar para uma viagem tranquila, com menos gastos e com mais tranquilidade”, sugere.