ABC - quinta-feira , 16 de maio de 2024

Ministério recomenda vacinar todos contra a gripe e somente SBC se prepara

Vacina contra a gripe é mais do que recomendada em período de pandemia para evitar ainda mais superlotação dos hospitais. (Foto: Banco de Dados)

O Ministério da Saúde anunciou no sábado (03/07) a recomendação para que os municípios vacinem toda a sua população maior de seis meses de idade contra o vírus Influenza, causador da gripe. Até então apenas grupos prioritários como idosos e pessoas com comorbidades estavam na lista de vacinação. Apesar da recomendação, apenas São Bernardo, já se programou para começar a vacinar a sua população já a partir desta terça-feira (06/07), nas demais cidades ainda não há uma programação definida.

Para os médicos especialistas na área de infectologia, a medida é benvinda, porém há temor de que não haja tanta procura pela imunização contra a gripe. “Sempre sobra vacina, em geral o público alvo – idosos, crianças, portadores de comorbidades e outros grupos profissionais-, nunca é todo vacinado. Na minha opinião seria muito mais importante vacinar de forma eficiente, fazer uma busca ativa, desse público mais vulnerável, por outro lado, quanto mais pessoas tivermos vacinadas melhor. Os americanos já preconizam a vacina da gripe para todos maiores de seis meses há muito tempo”, aponta o infectologista pediátrico Márcio Nehab, que é membro da Sociedade Brasileira de Infectologia.

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Nehab aponta ainda que a Influenza não atinge apenas os mais vulneráveis. “Não só os que têm fator de risco morrem de gripe; metade das internações e dos óbitos são de pessoas que não tinham nada, portanto a gripe não é um resfriadinho, o ideal é vacinar todo mundo, agora resta saber se haverá vacina para todos. Na minha opinião essa campanha deveria ter começado um pouco mais cedo”, analisa o especialista.

O médico infectologista do Hospital Brasil, Ruan de Andrade, também concorda com a necessidade da vacina contra a gripe para todos e ele chama a atenção para a imunização como forma de evitar superlotar ainda mais os hospitais já cheios de pacientes com a covid-19. “Nós não gostaríamos de ver sobrecarregado o sistema de saúde com outra doença. Essa sobrecarga pode trazer dificuldades de atendimento não apenas para covid-19 ou a gripe, mas para outras doenças também”, aponta. O médico diz que já há uma experiência muito grande com a imunização dos grupos prioritários, mas que, em geral, há uma recomendação para as pessoas se vacinarem, se não na rede pública, que procurem as clínicas de imunização.

Para Andrade o principal é a população se conscientizar da importância das vacinas e não acreditar em notícias falsas. “Nos últimos dois ou três anos temos observado uma redução da procura, por causa de um movimento anti-vacinação que muitas vezes dissemina informações falsas. Outra observação é que as pessoas estariam com receio de sair de casa para se vacinar por conta da pandemia. O risco não se justifica, é importante se vacinar, saindo de casa tomando os cuidados necessários, também não é preciso se preocupar com os efeitos; a vacina é segura, é feita com vírus inativado e as reações são raras, quando muito uma dor local e poucos, cerca de 1% a 2% têm febre”, completa.

Cidades

A prefeitura de São Bernardo já se preparou para vacinar sua população e já começa a imunizar todos acima dos seis meses de idade nesta terça (06/07). “A vacinação ocorre nas 33 UBSs (Unidades Básicas de Saúde), conforme o horário de funcionamento de cada unidade, sendo que 20 delas atendem até às 22h, como forma de evitar aglomerações. Até o dia 30 de junho, data do último boletim consolidado, 143.994 pessoas dos públicos-alvo tinham sido imunizadas, o que representa 47% da cobertura vacinal”, detalhou o município.

As demais prefeituras não se programaram ainda para vacinar toda a sua população. Santo André já vacinou 55,43% do público alvo das primeiras fases da vacinação contra a Influenza. A cidade informa que está em tratativa com o GVE (Grupo de Vigilância Epidemiológica) do Estado para definir sobre antecipação da vacinação contra a influenza. “Segundo o boletim epidemiológico de domingo (04/07) desde o início da campanha contra influenza foram vacinadas 143.538 pessoas de um público alvo estimado em 258.937 pessoas para as três primeiras etapas”, informou.

São Caetano também vacinou pouco mais da metade das pessoas dentro dos grupos prioritários. “São Caetano aguarda comunicado oficial do Ministério da Saúde sobre a mudança de estratégia da Campanha de Vacinação contra a gripe. Por ora, não haverá mudança na cidade, com os grupos prioritários sendo vacinados até o dia 9. Nosso público-alvo é de 79.791 pessoas. Até aqui, foram aplicadas 43.731 doses (cobertura de 53,9%)”, informou a assessoria de imprensa de São Caetano. Na cidade são 160 mil pessoas maiores de seis meses de idade.

Uma das justificativas do Ministério da Saúde para abrir a vacina da gripe para a população em geral é a baixa procura pelo imunizante. Em Diadema, por exemplo só 40% dos grupos prioritários foram vacinados. “A vacinação contra a influenza segue sendo aplicada apenas no público-alvo inicial. Diadema tem uma população estimada de 143.436 pessoas aptas a tomarem a vacina, dentro do público-alvo estabelecido nas três etapas da Campanha de vacinação contra a Influenza. Até o momento, foram imunizadas 57.164 pessoas, ou seja, 40%. Em relação à ampliação da vacinação para toda a população, divulgada pelo Ministério da Saúde, o município consultou o Grupo de Vigilância Epidemiológico (GVE), órgão estadual que faz a coordenação técnica e a distribuição das vacinas, e ainda aguarda devolutiva com as orientações válidas para o Estado de São Paulo”, informou a prefeitura.

Mauá também informou que está vacinando apenas os grupos prioritários. Mauá aguarda orientação do governo estadual sobre a abertura para os demais públicos. Até o momento, 76.847 pessoas tomaram a vacina da gripe”, respondeu, em nota.

Ribeirão Pires informou que também aguarda orientações para definir como fará a vacinação. Por enquanto a vacina contra a Influenza é ministrada nas UBSs (Unidades Básicas de Saúde) e já foram vacinados, segundo informação do município, 77,43% dos grupos prioritários. Se for vacinar toda a população com mais de 6 meses de idade, Ribeirão terá que imunizar 115 mil pessoas.

 

 

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