
Quando o assunto é vacinação contra a covid-19, pode-se dizer que o ABC está dividido entre as cidades que imunizaram pouco mais de 10% da população, e os que estão próximos a 20% (com as duas doses). Com exceção de Rio Grande da Serra, que não respondeu os questionamentos do RD, apenas São Caetano desponta com 26,4% da população imunizada totalmente, e a diferença para Ribeirão Pires – cidade com menor esquema vacinal – é de 14,5%.
Até esta sexta-feira (25/06), Ribeirão Pires, que tem como meta vacinar 124.159 moradores, imunizou somente 14.890 com as duas doses (11,9%) e outros 52.949 com as duas doses (42,6%). Mauá, que tem como meta vacinar 359.018 moradores, imunizou 43.662 com as duas doses da vacina (12,16%), enquanto com a primeira dose foram 136.133 aplicações, longe de bater a meta dos 90%, com apenas 37,9% da população vacinada com a primeira dose.
Diadema, que tem como meta vacinar 312.153 pessoas acima dos 18 anos pertencentes ao público-alvo, imunizou 39.511 pessoas com as duas doses da vacina, (12,65% do total estipulado na campanha). Já com a primeira dose do imunizante, foram 150.671 pessoas protegidas, quase metade da população, com 48,2% dos moradores imunizados.
Com a pretensão de vacinar 650 mil pessoas contra a covid-19, São Bernardo já imunizou 100.563 pessoas com as duas doses da vacina (15,4% do público-alvo), e outras 328.944 pessoas com a primeira dose (50,6%). Santo André quer vacinar 548.610 pessoas com mais de 18 anos de idade e do total, 105.527 pessoas já foram imunizadas com as duas doses e outras 289.829 com a primeira dose (52,8%). São Caetano, que tem como objetivo vacinar cerca de 132 mil pessoas, vacinou 34.975 com as duas doses (26,4%) e outras 75.004 com apenas uma dose (56,8%).
O mapa da vacinação no ABC mostra que as cidades com maiores áreas de periferia, com mais bolsões de pobreza, são as que vacinam menos. Para a infectologista Elaine Matsuda, esse é um problema. “A pandemia só acentuou as desigualdades; logo os mais carentes, mais expostos, no transporte público, por exemplo, têm menos acesso à vacina. Essa população vive em casas menores, apertadas, já vive aglomerada”, comenta.
A médica diz que há muita burocratização na comprovação de comorbidades. “Estão muito burocráticos, dificultam o acesso, obrigam
apresentar relatório, não basta mostrar receita. Isso os pacientes me falam, como se todos tivessem acesso a médicos”, relata. Elaine
Matsuda considera um problema a diferença grande do percentual de vacinados entre as cidades. “Não sei como estão fazendo em Mauá, com os piores números”, diz. (Colaborou George Garcia)