
Os cinco presos, acusados de torturar, matar e carbonizar o casal Flaviana e Homoyuki Veras Gonçalves, de 40 e 43 anos respectivamente, e o filho do casal Juan Victor Meneses Gonçalves, de 15 anos, em Santo André, no dia 27 de janeiro de 2020, vão a júri popular. O juiz Lucas Tambor Bueno, da Vara do Júri de Santo André, determinou a pronúncia de Anaflavia Martins Meneses Gonçalves, de 24 anos, filha e irmã das vítimas e que, segundo as investigações, agiu juntamente com sua companheira Carina Ramos de Abreu, de 31 anos, e seus primos Jonathan Fagundes Ramos, de 23, e Juliano Oliveira Ramos, de 22 anos, e também está preso o amigo do grupo Guilherme Ramos da Silva, de 19. Os cinco foram pronunciados pelo triplo homicídio qualificado, roubo e formação de quadrilha.
“Conforme se verifica, estão presentes nos autos provas de materialidade e indícios suficientes de autoria, não havendo elemento certo e seguro que autorize, nesta fase processual, a absolvição sumária dos acusados. A qualificadora relativa ao motivo torpe, nos moldes descritos na denúncia, deve ser mantida, posto que encontra respaldo nos elementos produzidos ao longo da instrução criminal, no sentido de que as rés Anaflavia e Carina agiram por cobiça, pretendendo alcançar o patrimônio das vítimas. Quanto aos acusados Jonathan, Juliano e Guilherme, a prova oral indica que agiram mediante promessa de recompensa. Do mesmo modo, a qualificadora relativa ao emprego de meio cruel, consistente na reiteração de golpes desferidos nas cabeças das vítimas, está em consonância com os laudos”, sustentou o magistrado em seu despacho publicado nesta terça-feira (18/05).
A defesa de Anaflavia e Carina tentou a absolvição da primeira e que a companheira respondesse apenas por roubo, e assim ficassem em liberdade durante a apuração, porém Tambor Bueno negou. “Os motivos que ensejaram o decreto da custódia cautelar foram ainda mais reforçados pela prova até o momento produzida nos autos, indicando, assim, a necessidade de manutenção da prisão preventiva dos acusados. Denego-lhes, pois, o direito de recorrer em liberdade”, despachou o juiz.

Para o defensor das duas não há novidade na pronúncia dos cinco acusados. Para o advogado Sebastião Siqueira, a repercussão do caso fez com que a defesa até já esperasse a pronúncia que levará os réus a júri popular em data que ainda não está definida. “O juiz tem quatro opções, a absolvição sumária, a desclassificação da denúncia, a pronúncia ou a impronúncia. Com a pronúncia serão os jurados que terão que decidir sobre as acusações. Para nós não foi surpresa”, disse o advogado que, apesar de não ter conseguido emplacar o pedido de absolvição de Anaflavia e de mudança das acusações que recaem sobre Carina, não vai recorrer da decisão de pronúncia. “Não vamos recorrer, os jurados vão decidir”, comenta.
A tese da defesa é a de que Anaflavia é inocente, que foi envolvida em uma trama pela companheira Carina, que por sua vez queria apenas cometer o roubo, fazendo-se passar por vítima também. A tese aponta para os primos Jonathan e Juliano a decisão e a autoria das mortes. “A Anaflavia não queria as mortes, a Carina queria o roubo e os primos decidiram matar quando o roubo não deu certo”, analisa Sebastião Siqueira.
Segundo o que a polícia apurou, os três rapazes e as duas acusadas combinaram o crime com antecedência com o objetivo de roubar das vítimas R$ 85 mil que estariam no cofre da casa. Eles entraram no condomínio dentro do carro de Anaflavia e esperaram para agir. Após um sinal de Carina eles entraram dominaram Homoyuki e Juan, e os agrediram para que dessem a combinação de números para abrir o cofre. Como não sabiam, o grupo resolveu esperar Flaviana chegar e igualmente a agrediram. Quando conseguiram abrir o cofre e não encontraram dinheiro a violência aumentou, os três foram mortos na casa, seus corpos colocados no Jeep Compass da família e levados para a Estrada do Montanhão, em São Bernardo onde o veículo foi incendiado.