
Trabalhadores da extinta metalúrgica Pierre Saby, que funcionou por quase 40 anos na avenida Industrial, em Santo André, ainda aguardam pagamento de rescisões trabalhistas, mesmo após 20 anos da falência da empresa que fabricava estruturas pré-moldadas em ligas metálicas para a construção civil e para o setor elétrico.
O operário Edson Brandão dos Santos é um destes trabalhadores que até hoje não recebeu sua rescisão trabalhista, mesmo precisando muito do recurso. Através de seu advogado, Santos, requisitou os valores disponíveis da massa falida para que fossem usados na cirurgia que teve que fazer no coração, em 2018, mesmo assim não teve sucesso. “Uma parte dos trabalhadores integraram um acordo com a empresa, feito com mediação do sindicato e conseguiram receber uma parte, mas quem ficou fora desse acordo não recebeu nada, já tem quase 20 anos. Eu saí da empresa em junho de 2001, pouco depois os credores pediram a falência da empresa. Nesse tempo todo teve gente que morreu sem receber seus direitos”, comentou o trabalhador que mora em Mauá.
O diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá, Sivaldo da Silva Pereira, o Espirro, atuou na mobilização dos trabalhadores na época da falência. “A dívida era muito grande e foi feito um acordo com base na venda de um terreno e o valor foi dividido entre os trabalhadores que aceitaram o acordo, eles também não receberam 100%, mas uma boa parte. Isso foi feito porque a gente já sabia que um processo como esse, demoraria muito para sair”, disse o sindicalista. Entre os credores da Pierre Saby está o próprio sindicato, para quem a massa falida deve aproximadamente R$ 400 mil, que corresponde a contribuições sindicais que foram descontadas dos trabalhadores e não repassadas ao sindicato.
O processo está na 4ª Vara Cível de Santo André. A assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça informou que houve mudança no administrador da massa falida em virtude do falecimento, no ano passado, do então responsável pelo patrimônio e as dívidas deixadas pela empresa. “Foi nomeado um novo administrador judicial, que irá elaborar o quadro geral de credores para início dos pagamentos, caso existentes créditos”.
O RD conversou com o atual administrador da massa falida, o advogado Paulo Roberto Bastos Pedro, que disse que sua prioridade é resolver a questão dos trabalhadores. “Fui nomeado há poucos meses e estou aguardando o retorno presencial das atividades do fórum, o que deve ocorrer em maio, pois esse é um processo físico (não digital). O perito contador já me informou que tem valores depositados nas contas e minha prioridade é dar cabo disso rapidamente, pagar as custas e os trabalhadores. Infelizmente esse tipo de processo leva bastante tempo mesmo para ser concluído”, ponderou.