
Familiares de alunos da Escola Estadual Joaquim Carvalho Terra, no bairro Vila Marina, em Santo André, reclamam do conteúdo dos alimentos doados aos estudantes em situação de vulnerabilidade social. O pai de uma aluna, que preferiu não ser identificado, conta que, desde o ano passado, a escola oferece kits de alimentos por causa da pandemia, mas em abril os itens recebidos não têm o mesmo valor nutricional.
“Busco estes kits merenda para a minha filha desde o meio de 2020 e sempre recebíamos arroz, feijão, farinha e sal, mas agora quando fui buscar, no começo do mês, me entregaram 4 pacotes de bolacha doce e um de sal. Onde isso pode ser considerado uma merenda?”, questiona. O pai ainda conta que em momento algum avisaram que os itens iriam mudar. “Foi uma grande surpresa ver que não se importam nem um pouco com a nutrição das crianças”, comenta.
Em nota, a Secretaria de Educação esclarece que os alimentos distribuídos na escola não fazem parte de um kit merenda, mas de doação, conforme o termo assinado pelas famílias no momento da retirada. “Esses alimentos, que seriam usados no preparo da merenda, como sal, ou fornecidos aos alunos como lanche, no caso de bolachas, são compartilhados com a comunidade escolar no momento em que as escolas ainda recebem um número reduzido de alunos. São itens com datas próximas da validade, ofertados gratuitamente para famílias que demonstrarem interesse e podem variar de acordo com a disponibilidade”, informa a nota.
A secretaria informa que as escolas estão abertas para o fornecimento de merenda aos alunos em situação de vulnerabilidade, com cardápio feito por nutricionistas e executado pelas merendeiras de cada unidade. Além disso, os alunos que já fazem parte do CadÚnico estão incluídos no programa Merenda em Casa, que em abril beneficia 920 mil famílias com um valor mensal de R$ 55 creditado diretamente em uma conta no aplicativo PicPay.
Prefeituras do ABC
Cada Prefeitura do ABC adotou um método de manter o envio de alimentos para os alunos da rede. Alguns municípios, como São Caetano, instituíram o Cartão Merenda em Casa, auxílio no valor de R$ 90 mensais, entregue aos 22 mil alunos da rede municipal da educação infantil ao ensino médio. O cartão é recarregado ao final de cada mês e pode ser utilizado para aquisição de alimentos em estabelecimentos da cidade.
Em fevereiro, com a volta das aulas presenciais, o cartão foi suspenso temporariamente e os alunos passaram a receber lanche ao final do período, para ser consumido em casa. A cidade está com nova licitação e a previsão é que o benefício chegue às famílias ainda em abril. São Bernardo também utiliza o programa Cartão Merenda com benefício de R$ 85 mensalmente.
Com investimento de R$ 150 mil/mês, Ribeirão Pires utiliza o programa de auxílio alimentação para alunos de famílias em maior vulnerabilidade social. Todo mês, cerca de 2,5 mil são atendidos com kit compostos por arroz, feijão, açúcar, farinha de trigo, bolachas doce e salgada e óleo, mediante agendamento de data e horário para retirada. A ação serve de complemento à alimentação durante o período de ensino remoto.
Diadema deixou de comprar kit merendas e finaliza agora a contratação do cartão alimentação, que também permitirá aos alunos manter uma alimentação saudável e com valor nutricional adequado para cada faixa etária. O restante dos alimentos da alimentação escolar voltará a ser oferecido normalmente assim que o retorno das aulas presenciais for confirmado.
Santo André criou o programa Merenda em Casa em março de 2020. Desde então, já foram distribuídos mais de 330 mill kits de alimentação, em diversas etapas. Neste mês de abril teve início a entrega dos kits da 11ª etapa. Cada kit é composto por 5 kg de arroz, 1 kg de feijão, 1 kg leite em pó, 1 kg açúcar, 0,25 kg pó café, 900 ml de óleo de soja, 0,5 kg farinha mandioca, 0,5 kg macarrão, 0,1 kg de biscoito salgado, 1 kg sal, 2 kg de legumes e 1 kg de fruta. As famílias retiram, mensalmente, o kit na unidade escolar onde o aluno está matriculado.