Um a cada três pacientes com covid-19 recebeu diagnóstico neurológico ou psiquiátrico após se recuperar da doença. Segundo o médico psiquiatra Cyro Masci, no intervalo de um semestre após a infecção, é possível notar problemas psicológicos como ansiedade ou depressão em uma boa parcela da população.
Em entrevista ao RDtv, o médico declara que os problemas não são incomuns e que, inclusive, alguns já existentes são intensificados com a pandemia. “Temos uma parte da população que apresenta algum transtorno no pós-covid, mas também há pessoas que já sofriam com algum transtorno e que foi intensificado por conta do isolamento social. No geral, houve aumento no volume de pessoas que sofrem com algum transtorno neste período”, diz.
Transtornos de ansiedade e depressão lideram as ocorrências e correspondem a cerca de 15% e 8%, respectivamente. Outros quadros como insônia e transtornos como obsessão também foram registrados. Mais raros, alguns transtornos mais graves também foram registrados no período como acidente vascular cerebral e demência.
Diante disso, Masci conta que especialistas em saúde mental estão cada vez mais preocupados com as evidências de maiores riscos de transtornos mentais e cerebrais entre sobreviventes da covid-19. O especialista orienta que a população supervisione armadilhas frequentes como: pessimismo crônico, perfeccionismo em excesso e mudança de comportamento. “Mastigar fatos negativos também é sinal de que algo está errado”, diz.
A orientação do médico é desconfiar dos próprios pensamentos e redobrar o cuidado com o organismo no período de isolamento social. “Se você está passando por uma rua e alguém embriagado te xingar, você fala as mesmas bobagens para si e acredita ou desconfia e ignora?”, questiona. “É importante que a pessoa leve para a vida somente aquilo que lhe faça bem e que acrescente como algo positivo”, enfatiza.
Ter uma boa noite de sono, manter atividades físicas e contato interpessoal também são orientações do especialista. “Principalmente para pessoas extrovertidas, é importante manter uma atividade, ainda que em casa, além de manter contato com as pessoas, ainda que virtualmente”, orienta.