O ano de 2020 colocou em prova os governantes por conta da pandemia da covid-19 e o agravamento da crise econômica. Com isso as prefeituras sofreram com arrecadação menor e gastos maiores principalmente com a saúde. Diadema, que completa nesta terça-feira (08/12) 61 anos, não é diferente. Em entrevista ao RD, o prefeito Lauro Michels (PV) falou sobre as realizações e seu legado, já que deixa de administrar a cidade após oito anos de gestão.
“Neste ano foram inúmeros os desafios na gestão pública, em especial por conta da pandemia, algo que ninguém imaginou viver um dia, mas mesmo assim seguimos trabalhando e conseguimos resultados positivos. Iniciamos as obras da UBS da Vila Paulina, do Pronto Atendimento Infantil, dos Caps que estão sendo construídos na avenida Alda. Também estamos implementando 20 novos leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) no Hospital Municipal, entregamos novas viaturas para a GCM (Guarda Civil Municipal) e recebemos novos guardas, tornando o efetivo da nossa guarda o maior da história”, disse Michels sobre as ações que estão em curso.
O prefeito também citou a entrega da obra na praça Castelo Branco e outras que vão ser entregues neste mês de aniversário. “Teremos a entrega da revitalização de três escolas, do Complexo Cultural Diadema e Teatro Clara Nunes, a nova base da ROMU (Rondas Municipais), 63 novas unidades habitacionais no Núcleo K, na Vila Nova Conquista, unidades também no Núcleo Naval entre outras ações”.
Ao falar sobre o fim do ano e do seu mandato Lauro Michels diz que apesar de um ano muito difícil do ponto de vista da saúde e da economia, há motivos para comemorar. A tradicional ação de fim de ano que foi implantada na sua gestão, o Natal Iluminado, na Praça Lauro Michels, não poderá acontecer por conta da pandemia, mesmo assim o verde avalia que o aniversário da cidade deve ser celebrado de outras formas. “Espero que as famílias sintam o espírito dessa época, renovando o amor pela cidade, e que mesmo após um ano tão atípico, possa haver fé em uma cidade que continue avançando. É sempre motivo para comemorar o crescimento da cidade, saber que nos últimos anos resolvemos grandes dívidas como a da Saned; que elevamos de 14% para 54,8% o índice de esgoto tratado; entregamos escolas; recapeamos mais de 400 ruas e avenidas, mudamos a história de bairros como o Sítio Joaninha, Iguassú e Beira Rio. Também entregamos mais de 1.700 moradias e garantimos o primeiro programa de regularização fundiária de nossa cidade, que está levando segurança jurídica para as famílias e mais de 30.000 escrituras”, listou.
Legado
Perguntado sobre o legado que vai deixar para a cidade assim que passar a faixa para o prefeito eleito, Lauro Michels citou mais programas do seu governo como a troca de 10 mil luminárias antigas por novas em Led que, segundo ele, já geraram uma economia de R$ 170 mil por mês, os processos eletrônicos na prefeitura e o prontuário eletrônico nas unidades de saúde. Mas ele também aponta as dificuldades que virão no próximo ano. “Sabemos que 2021 não será um ano fácil, pois a queda de arrecadação vem sendo frequente, e isso se acentuou na pandemia, mas acredito que logo haverá um reaquecimento da economia. Nossa cidade hoje conta com um Plano de Incentivos, que já elevou em 5% a arrecadação de ISS (Imposto Sobre Serviços), e com a economia voltando a crescer, tenho certeza que Diadema vai se beneficiar muito desse trabalho, que incentiva as empresas já existentes a se modernizarem e novas empresas a se instalarem na cidade”, finalizou o prefeito.
Homem dedica a vida à preservação da memória da cidade
O memorialista Walter Adão Carreiro, de 80 anos, relembra que se fosse seguida à risca a data do aniversário da cidade, ela deveria ser comemorada no Natal. A data 25 de dezembro de 1958 está no brasão e na bandeira da cidade não por acaso. “Teve um vereador, o Bernardo Chuster, que fez um projeto de lei para o feriado no aniversário da cidade, mas aí disseram para ele que já era feriado porque era Natal, aí ele mudou para o dia 8, dia da padroeira da cidade, Nossa Senhora da Conceição”, conta o historiador.
Carreiro chegou com a família a Diadema em 1946, quando a cidade ainda era uma parte de São Bernardo. “Aqui era um vilarejo na beira da estrada e não tinha quase nada. Para se ter uma ideia em 1950 eram 3.050 habitantes, hoje são mais de 400 mil e a cidade mudou para melhor, antes não tinha nada”, compara. Ele elenca, dentre as coisas boas da cidade que não existem mais, os córregos e rios que na sua juventude eram limpos. “A gente podia pescar; o Eldorado, era uma maravilha. A procissão náutica que saída da represa em frente à igreja nos anos 50 era espetacular”, disse referindo-se a reunião de barqueiros e pescadores que traziam pela água a imagem de Nossa Senhora da Conceição. Hoje onde havia água em frente à represa se tornou um parque.
O assoreamento da represa Billings é um dos principais problemas apontados por Carreiro, o outro foi a falta de preservação da história da cidade. “A superpopulação complicou um pouco sim, mas eu prefiro falar das coisas boas da cidade. Eu sugeri que fosse ministrada 30 minutos de aula por semana sobre a história de Diadema, que poucos conhecem, mas não foi aceito”, diz o memorialista que até o início desse ano trabalhava no Centro de Memória, um equipamento da prefeitura dedicado a guarda, classificação e exposição da história da cidade.
Autor do livro “Em cada Esquina uma História”, em que conta quem são os nomes que batizam as ruas da cidade, Carreiro diz que poucos prédios de importância histórica para a cidade ainda estão em pé, a casa onde está o Centro de Memória é um deles. Para o memorialista isso também fez as pessoas se desinteressarem pela história, mas apesar disso ele insiste em organizar fotografias cedidas por famílias tradicionais, busca reunir depoimentos e muita coisa guarda na prodigiosa memória. “Muita coisa que eu fiz está lá no Centro de Memória e vai ficar lá para as pessoas conhecerem e para outras relembrarem”, diz orgulhoso do seu trabalho, para depois concluir: “Eu gosto demais da cidade, fiquem aqui que é bom demais”.