A perspectiva pessimista do setor imobiliário do início do ano, principalmente depois dos primeiros meses de pandemia da covid-19, não se consolidou e o mercado teve boas vendas para surpresa dos empresários do setor. O volume de vendas entre janeiro e setembro deste ano superou em 6,1% as do mesmo período do ano passado. Os dados foram divulgados em coletiva de imprensa online pela Acigabc (Associação das Construtoras e Imobiliárias do Grande ABC), nesta terça-feira (03/11) e correspondem as vendas em Santo André, São Bernardo, São Caetano, Diadema e Mauá.
Foram vendidas 2.195 vendas de apartamentos em 2019 contra 2.328 este ano, sendo que a maior parte dos imóveis vendidos foram de dois dormitórios, de até 65 metros quadrados e com valores de até R$ 500 mil. Os imóveis de dois quartos corresponderam a 72% das vendas. Quanto ao tamanho dos imóveis vendidos este ano a maior parte (38%) tem entre 45 e 65 metros quadrados e 35% foram imóveis abaixo de 45 m². “No início da pandemia nós falávamos que a recuperação viria somente no final de 2020 ou no ano que vem. O que nos surpreendeu foi a retomada já em julho e agosto, com o mercado se recuperando já no meio do ano. Acredito que a taxa de juros contribuiu, ela baixou e o aumentou o crédito imobiliário o que fez o imóvel mais atraente para o investidor. A locação residencial passou a dar 2 ou 3 vezes mais que a taxa básica de juros além do imóvel, por si só, ter valorizado”, analisa o presidente da Acigabc, Milton Bigucci Júnior.
Os imóveis que mais venderam foram aqueles com preços entre R$ 240 mil a R$ 500 mil, que corresponderam a 41% das vendas. Em seguida, com 36%, vieram os imóveis abaixo de R$ 240 mil. O levantamento apontou que 40% das vendas estão no segmento chamado de Econômico. “Na minha opinião a região deve lançar mais empreendimentos econômicos porque está vendendo e é um segmento bom”, disse Bigucci Júnior. Com relação ao Valor Geral de Vendas na região houve aumento ainda maior; 30,6% se comparado a 2019, passando de R$ 744 milhões para R$ 972 milhões, o que para a Acigabc significa mais o aumento de vendas de imóveis de alto padrão do que o aumento do custo dos imóveis.
As vendas só não foram maiores porque as construtoras não fizeram lançamentos este ano, ou seja, venderam seu estoque que estava em 2,7 mil em setembro do ano passado e passou a 1,1 mil um ano depois. Segundo Milton Bigucci Júnior, o setor já tem planos de lançamentos pra o próximo ano. “2021 pode ter um imposto novo, mas também se promete a redução da carga tributária, por isso achamos que a curva de vendas vai continuar avançando para cima”, comenta.

Alguns fatores da pandemia até ajudaram os departamentos de vendas das construtoras. Um deles foi a aceleração do processo de implantação do showroom e do plantão de vendas pela internet. Outro fato foi o fato de que as pessoas estão mais em casa e a necessidade de espaços maiores e mais adequados também ao home-office ajudaram a aumentar o interesse por um apartamento novo. “Houve uma aceleração muito grande para o digital. De uns dois meses para cá voltou-se a fazer a propaganda que chamamos de off-line, ou seja, a distribuição de folhetos. Eu acredito que ainda é complicado pegar folheto na rua em plena pandemia, mas no futuro as duas formas de anunciar vão dar resultado, até porque, não acredito em uma fórmula única”, disse o empresário e presidente da Acigabc.
O índice de Velocidade de Vendas foi 55,2% maior que o mesmo período de 2019. Nos nove primeiros meses de 2020, esta velocidade foi de 14,9%, bem acima da média que compreende os anos entre 2016 e 2019, que foi de 8,6%. “Isso demonstra o apetite do cliente em relação ao mercado”, concluiu o executivo.