Com o avanço do novo coronavírus (covid-19), os problemas enfrentados pela saúde pública ficaram em maior evidência, mas o que não se esperava é que os profissionais que atuam na linha de frente seriam os que mais sofreriam em um período de tantas dificuldades. No ABC, os profissionais da saúde da FUABC (Fundação do ABC) relatam falta de reajuste financeiro desde o ano passado, uma promessa que havia sido feita ainda em 2019 e que se tornou a principal reivindicação dos trabalhadores.
Em entrevista ao RDtv, o presidente do SindSaúde (Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Privados de Saúde do Grande ABC), Almir Rogério, o Mizito, explica que os trabalhadores da FUABC foram os únicos da categoria a não conseguir o reajuste do salário, e aguardam uma explicação ou evidência para isso. “O restante da categoria conseguiu 2,46% da data base retroagida, mas os trabalhadores da Fundação seguem esperando o reajuste de 2020, mas ainda não tiveram essa correção inserida”, diz.
Segundo Mizito, os profissionais iniciaram o ano já sem uma previsão para que o reajuste fosse feito e além de tudo, tiveram que enfrentar a falta de EPIs (equipamentos de proteção individual), para proteção durante os atendimentos. “Além de já sofrerem sem o reajuste que devia ter acontecido desde o início do ano, sofreram também com a falta de equipamentos essenciais para a proteção do novo coronavírus durante meses, fato que não foi uma preocupação para ninguém durante meses”, enfatizou.
Entre as outras pautas em andamento estão a comunicação dos profissionais que sofrem com algum acidente de trabalho e/ou foram contaminados pela covid-19 e pagamento de insalubridades. “Estamos marcando perícias técnicas para saber se os trabalhadores devem receber ou não as insalubridades, porque temos recebido diversas solicitações para saber se faz jus ou não o pagamento, mas precisamos ter um direito garantido para os trabalhadores, com um olhar mais especial”, diz.
Referente à valorização salarial e pautas pendentes no SindSaúde, o presidente declara que se faz necessário que a população se informe acerca das dificuldades que os trabalhadores da saúde enfrentam, principalmente neste momento de crise econômica e de queda de arrecadação e cobrem, no momento das eleições, propostas para a área dos candidatos. “Precisamos renovar o comando das cidades com nomes que honrem os compromissos trabalhistas e paguem em dia os salários na área da saúde e que mantenham os profissionais em dia, para que eles mantenham o atendimento de qualidade para a população”, declara.
De acordo com Mizito, enquanto não houver uma “renovação política”, não haverá mudanças no cenário de descaso com os profissionais da saúde. “Precisamos de uma mudança geral para que haja melhora no sistema”, completa.