Se deparar com animais silvestres na cidade é sempre uma surpresa. Só neste ano a Secretaria de Meio Ambiente de Santo André já atendeu mais de 60 chamados, a maioria para gambás. Foram 11 no mesmo período do ano passado. O aumento preocupa quem lida com a fauna e chama atenção da população.
A professora de educação física da rede pública, Sandra Cirillo, foi uma das moradoras que encontrou um saruê, espécie de gambá comum no Brasil, no quintal de casa. “Pensei que fosse um rato gigante que estava fazendo estragos no quintal”, comenta a professora, que explicou o resgate. “Ele é um animal noturno e acabou entrando na ratoeira, liguei para os bombeiros e me passaram o telefone da bióloga que veio recolher o saruê”, conta.
Outro caso na cidade foi com o agente de trânsito Tony Cabrera, que disse ter encontrado um saruê na garagem de casa. “Minha esposa foi quem achou debaixo de uma mesa, pensou que fosse um gato, mas depois eu vi que era um gambá, fizemos de tudo para não deixá-lo estressado e ligamos para o pessoal do meio ambiente, que capturou ele”, explica o agente.
Já na avenida Industrial, em Santo André, o prestador de serviço, Cleber do Prado, encontrou uma iguana no meio da avenida. Segundo Prado, o animal foi encontrado durante um serviço na via, quando um carro buzinou para o animal e, então, foi prestar ajuda.
“Fui pedindo para os carros desviarem e mexendo com um pano para ela voltar para a calçada. Ela iria morrer na avenida, liguei para o ambiental e coloquei uma coberta sobre a iguana. Coloquei depois uma caixa para ela não morrer, uns 15 minutos depois chegou o pessoal com um caixote. Falaram que ela não era típica daqui”, comenta Prado.
O veterinário Jefferson Vilela afirma que a devastação e invasão de áreas não apropriadas para moradia são os fatores principais para aproximação de animais que não vemos no cotidiano, como répteis, papagaios, corujas e gambás.
Vilela ensina a população que quando avistar um animal selvagem não tentar capturá-lo ou confrontá-lo. Também evitar atitudes, como jogar água no bicho ou oferecer alimentos “O ideal para quem vê um animal fora do comum em casa é acionar a Defesa Civil ou o Centro de Zoonose do município e isolar o local onde a espécie esteja caso seja possível”, recomenda.
Na linha de frente dos atendimentos a estes tipos de chamado, Daniela Victor Freire, encarregada de Bem-Estar Animal na Secretaria de Meio Ambiente de Santo André, afirma que as pessoas não devem matar os saruês, por serem ótimos aliados na caça aos escorpiões. No habitat natural, a espécie se alimenta de ovos, insetos e frutas. A maioria dos chamados é para realizar resgate de gambás de orelha preta (Didelphis aurita).
Daniela dá algumas dicas de como proceder em caso de encontrar um animal silvestre. Se for um animal que tenha condições de ir embora sozinho, deixe ir embora. Se o bicho estiver se sentindo acuado, não ter área de escape ou estiver machucado, procure a Secretaria de Meio Ambiente do município para que seja feito o resgate. Caso tenha animais domésticos em casa, mantenha-os longe dos animais silvestres para não causar estresse aos dois.
“É importante termos registro desses animais, mesmo que não seja necessário o resgate, para que esses dados sejam mantidos da fauna local. E caso seja um animal que não esteja em seu habitat natural, para que ele possa ser resgatado e encaminhado para um centro de reabilitação de animais silvestres”, completa Daniela.
O telefone do Departamento de Proteção e Bem-Estar Animal de Santo André é o 4433-1958.
(Colaboraram Fernando Scerveninas e Nathalie Oliveira)