O secretário de Saúde da prefeitura de São Paulo, Edson Aparecido, depois de ter tecido críticas ao prefeito de Diadema, Lauro Michels (PV), disse que a atuação conjunta dos municípios é primordial para o combate a covid-19. Nesta terça-feira (19/05) ele participou de uma reunião com representantes dos 39 municípios da Grande São Paulo e novamente na sexta-feira (22) esse grupo volta a se reunir. Aparecido disse que a antecipação de feriados é mais uma estratégia para tentar baixar a curva de casos da doença e revela que a decisão pelo lockdown só será tomada com a adesão de cidades vizinhas.
“O lockdown não pode funcionar somente na Capital numa região conurbada como a nossa porque precisamos inclusive do apoio das forças policiais”, disse o secretário paulistano. Aparecido chegou a criticar o prefeito de Diadema, que não criou um hospital de campanha e com isso o hospital Saboya, no Jabaquara tem moradores do município do ABC ocupando grande parte dos leitos para a covid-19. Durante entrevista ao RDTv ele minimizou o tom. “Temos hospitais de porta aberta, é natural que isso aconteça. Para se ter uma ideia, 20% do atendimento no hospital Cidade Tiradentes é de outros municípios 20% do atendimento do Hospital de Campo Limpo é de outros municípios. O SUS (Sistema Único de Saúde) é porta aberta, a gente trata pessoas independente de onde moram”, disse.
Segundo Edson Aparecido, a previsão de que a cidade de São Paulo tenha seu sistema de saúde entrando em colapso dentro de duas semanas continua enquanto não se conseguir reduzir a mobilidade pelo menos até que 60% da população esteja em casa. Para isso a prefeitura já decretou as medidas de isolamento, tentou o rodízio ampliado, voltou atrás e agora a antecipação de feriados é outra tentativa antes do lockdown onde as pessoas só poderão sair de casa para coisas essenciais como compras, socorrer alguém ou trabalho se for em serviço essencial. Nesta situação apenas farmácias e supermercados poderão abrir as portas. “Precisaria ter uma taxa de mobilidade reduzida de 60% no mínimo. Para prever 15 dias para frente, pois o cenário de mortes de hoje é da contaminação de 14 dias atrás. Acho que estão se esgotando todas as tentativas, no rodízio tiramos 1,5 milhão de carros da rua, mas (a medida) não foi bem compreendida. O coronavírus é coisa nova, na Europa os países ricos fizeram isso, tentaram e corrigiram. A Grã Bretanha adotou uma postura e deu errado, a contaminação por rebanho, isso a levou ao maior número de mortes da Europa, depois voltaram atrás”, comentou.
O secretário de saúde disse ainda que há uma relação direta entre o número de óbitos na Capital e os bairros com menores índices de isolamento e faz um apelo para que as pessoas fiquem em casa. “A única arma que temos e que é efetiva para salvar as pessoas é o isolamento. A gente não pode esgotar o serviço de saúde senão não vamos conseguir tratar sobretudo as que tem comorbidades”, explica. Com o serviço funcionando sem sobrecarga é possível atender as pessoas no início da doença e os resultados são melhores. “Nós temos acompanhado os cenários para conter o processo de disseminação da doença. A gente conseguiu, de certa forma, reduzir a velocidade, conseguimos criar leitos, por enquanto, suficientes. De cada 10 pacientes, nove estamos salvando”, calcula.
Edson Aparecido disse que a transmissão comunitária impede o rastreamento do vírus. “Quando uma família faz isolamento, se alguém está com o vírus, no máximo é a família que pega, quando ele vai para a comunidade ele contamina todos. Antes da transmissão comunitária nós controlamos 20 mil pessoas, sabíamos de todos que tiveram contato com aquela pessoa, na hora que se tornou comunitária perdemos o controle. É muito difícil falar de isolamento para uma família da periferia, mas é a única arma que a gente tem”, conclui.