A última pesquisa lançada pelo ABC Dados revela que ao levar em conta um caso de coronavírus a cada 100 mil habitantes, São Caetano tem quatro vezes mais casos da doença do que São Bernardo – município que elenca negativamente as estatísticas segundo as prefeituras e a Secretaria de Saúde do Estado – o que configura São Caetano como a cidade com mais casos de Covid-19 em toda a região.
Em entrevista ao RDtv, o cientista, pesquisador e idealizador do estudo, Marcos Soares, explica que ao examinar a proporção de casos de acordo com o número de habitantes, São Caetano dispara significativamente as estatísticas. “Enquanto São Caetano tem 184 casos confirmados em uma população com 114,8 mil habitantes, São Bernardo tem 271 infectados com uma população quatro vezes maior, 833 mil habitantes”, diz ao levar em conta os dados divulgados até o último sábado (18/4).
Segundo o pesquisador, tanto as prefeituras quanto a Secretaria de Saúde do Estado, configuram aspectos importantes da doença ao divulgarem os casos confirmados, óbitos e notificações da doença. “Algumas informações importantes acabam ficando de fora, entre eles o tamanho da epidemia na região de acordo com o número de habitantes de cada cidade, o que é fundamental para informar a população”, analisa.
Outro dado que chamou atenção no estudo é em relação ao número de óbitos em São Bernardo ocasionados pela Covid-19 em relação às demais cidades do ABC. Se comparado a Santo André, ainda que os dois municípios tenham o número de confirmações da doença quase que equivalentes, São Bernardo chega a dobrar o número de mortes. “Enquanto São Bernardo registra 28 mortes, em Santo André são 12, mais do que o dobro, sendo que o número de casos confirmados é bem semelhante nas duas cidades, não é estranho?”, questiona.
Para o pesquisador, o que fez com que o número de mortes não fosse ainda maior foi a quarentena e o isolamento social, que estão prestes a completar um mês na região. “Com certeza o isolamento ajudou e muito a não ter mais casos, ainda que tenha começado há um mês. Teríamos muito mais casos de óbitos na região se não houvesse essa atenção para este problema macro que prejudica todo o mundo”, enfatiza.
Soares acredita, ainda, que a curva de casos da doença deve demorar a achatar, e que até o fim de abril, possam ser contabilizadas mais 450 mortes em razão da doença. “A projeção está baseada na evolução dos últimos 15 dias da doença. O primeiro óbito ocorreu no dia 25 de março, uma semana depois já eram oito e logo na semana seguinte o número triplicou, chegou a 29”, aponta o cientista.
O estudo aponta ainda que, até sexta-feira (24), as sete cidades podem chegar a 177 vítimas fatais da Covid-19 e mais 1.902 confirmações da doença, quase que o dobro do que foi registrado pelo boletim epidemiológico divulgado pelas prefeituras nesta segunda-feira (20), em que foram registrados 67 óbitos e 1.017 infectados na região.