O bispo da Diocese de Santo André, Dom Pedro Cipollini, divulgou neste sábado (11), a Carta Pastoral sobre o domingo de Páscoa. Em seu relato, o bispo fala que a crise vivida no Brasil é anterior a pandemia do novo coronavírus (Covid-19). Confira um trecho da carta e na sequência sua integra no link abaixo:
“Estamos mergulhados em uma crise de escala global. Esta crise já estava em curso quando explodiu a pandemia do Coronavírus (Covid-19) no início deste ano. Esta crise não era somente da estagnação econômica, mas de todos os outros campos da vida social e política, manifestando-se em especial na desigualdade e pobreza crescentes no mundo. Diante da escalada da pandemia, nosso país sofre para vencer mais este desafio. Somos um dos campeões da má distribuição de renda no mundo.
Por isso somos um país rico com um povo pobre e fragilizado. A maioria está na miséria, em lugares onde o Estado não está presente. Há falta de políticas públicas voltadas à erradicação da carência na saúde, saneamento básico, educação, moradia, emprego. Todos estes são direitos assegurados pela Constituição Federal, mas que as autoridades políticas não conseguem viabilizar, devido à teimosia em manter os privilégios da minoria. Isto faz do Brasil um país rico, mas sem dignidade e bem estar para todos, consequentemente, um país de violência manifestadas em várias formas.
No Brasil o epicentro dos casos de doença e contaminação pelo Coronavírus está aqui na nossa Região, mais especificamente na grande São Paulo. E aí dentro, o grande ABC está no foco da contaminação. Todo cuidado é pouco e devemos levar a sério a quarentena que é proposta a todos, e as recomendações da OMS e do Ministério da Saúde.
A discussão que contrapõe a preservação de vidas à economia é perversa, porque em consciência todos sabem que a vida vem primeiro que o econômico ou o mercado. Que a dura realidade que vivemos e viveremos ainda, quando esta situação passar, nos mova à conversão pessoal e social: “Converta-se, pois, cada um de seu caminho perverso, melhorai vossos
caminhos e vossas obras” (Jr 18, 11)”.