O governador João Doria (PSDB) criticou a decisão dos sete prefeitos da região de suspender gradativamente até o dia 28 e totalmente a partir do dia 29 a circulação de ônibus municipais. Durante a entrevista coletiva desta quinta-feira (19), o tucano disse que não devem ocorrer interrupções desta natureza. O Consórcio Intermunicipal do ABC confirma que a ação preventiva será mantida.
Doria considera que a ação dos sete municípios foi “precipitada” e que pode impedir a ida ao trabalho de profissionais da área de saúde e também de funcionários de várias empresas que não podem cumprir sua função em casa (home office) e também não possuem carro.
“Não podemos ter interrupção de logística e circulação de ônibus, nem limitação de acesso a aeroportos, portos ou estradas. Sei que a pressão é muito grande, seja da opinião pública, seja de segmentos da sociedade civil, mas isso, eu quero repetir, não pode acontecer”, disse Doria.
Uma reunião por videoconferência foi realizada horas depois e envolveu prefeitos de várias regiões do Estado, o vice-governador e presidente da comissão de monitoramento dos impactos econômicos do Estado, Rodrigo Garcia, e o secretário estadual de Desenvolvimento Regional, Marcos Vinholi.
Apesar das críticas de Doria, os prefeitos ainda vão manter o plano de suspensão do transporte público municipal. Na próxima quarta-feira (25), haverá nova reunião com o Estado para avaliar a evolução da pandemia. “Os prefeitos do ABC reforçam que a decisão tem como objetivo minimizar danos à população e preservar vidas na região”, diz a nota do Consórcio Intermunicipal.
Pedido
A presidente da FUABC (Fundação do ABC), Adriana Berringer Stephan, enviou ao presidente da entidade regional e prefeito de Rio Grande da Serra, Gabriel Maranhão (Cidadania), ofício para que não ocorra a paralisação do transporte público. “Em que pese a louvável intenção em conter o avanço do novo coronavírus (Covid-19), fato é que a tal suspensão atingirá diretamente 19.886 profissionais da área da saúde que atuam nos municípios impactados pela decisão, inviabilizando o deslocamento destes aos seus postos de trabalho, causando graves reflexos aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), agravando ainda mais a situação de calamidade vivenciada neste momento de pandemia”, relatou Adriana.
Além disso, houve pedido de um plano de contingenciamento para garantir transporte aos profissionais sem qualquer prejuízo. Prefeituras, como as de São Caetano e São Bernardo, já anunciaram que vão utilizar os ônibus municipais para transportar os servidores aos postos de trabalho, num sistema já utilizado por empresas, por meio do transporte executivo.