
O Grupo Caoa está oficialmente fora da negociação de compra da planta da Ford em São Bernardo, cuja produção foi encerrada em outubro. A expectativa era a de que o grupo, que hoje já detém as marcas Hyundai e Chery no Brasil, assumisse a unidade fabril para a produção de caminhões, aproveitando pelo menos 850 trabalhadores antes vinculados à montadora americana.
A notícia de que a Caoa desistiu de comprar a fábrica foi comunicada pelo governador João Doria (PSDB) que vem acompanhando a negociação desde março de 2019 quando a matriz da Ford nos EUA decidiu fechar a fábrica no ABC. “Nós não desistimos do tema da Ford ainda. Há um entendimento novo com dois fabricantes chineses, entendimentos que estão em curso. Não temos propagado até para que eles possam seguir com tranquilidade, sem a pressão do tempo”, disse o tucano durante evento na Capital.
Segundo o governador a Caoa não desistiu de montar fábrica no estado, mas os novos planos incluem uma fábrica nova e em terreno maior. “Não foi possível viabilizar a compra da Ford, mas a Caoa estuda uma nova fábrica, investimento este que será anunciado ainda em 2020”, informou Doria.
O ex-presidente do SMABC (Sindicato dos Metalúrgicos do ABC) e hoje dirigente do TID Brasil (Instituto Trabalho e Desenvolvimento), Rafael Marques não quis comentar as declarações do governador, justamente porque tem um pedido de reunião com a direção da Ford feito na última semana e que aguarda confirmação de agenda ainda para esta semana. Sua assessoria informou que, como diretor sindical e um dos responsáveis pelo acompanhamento da negociação, ele quer ter informações oficiais diretamente da montadora.
O sindicato inclusive buscou informações junto ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) sobre o financiamento para a empresa brasileira. No mesmo mês em que as portas da fábrica foram cerradas a instituição financeira informou ao RD que não havia um pedido para a concessão de empréstimos. “O BNDES se reuniu com a Caoa, como faz com qualquer potencial cliente. No entanto, não houve formalização de nenhuma proposta de financiamento e a empresa não possui operação com o Banco”, informou em nota.
O Grupo Caoa, também não comentou o assunto, apenas limitou-se a confirmar as declarações de Doria. “Nesse momento não temos nenhum executivo que possa dar uma declaração oficial sobre o assunto, mas a Caoa confirma que as negociações devam seguir o encaminhamento informado pelo governador Doria”.