
Após anos de luta de protetores e famílias de baixa renda da região em busca de investimentos do poder público para a causa animal, pelo menos quatro das sete cidades anunciaram investimentos em serviços de urgência e emergência para os pets. A medida, no entanto, não é suficiente na visão das cuidadoras, uma vez que, de antemão, é preciso atacar também problemas de abandono, recolhimento animal e zoonose.
Santo André anunciou que, a partir de 2021, terá o primeiro hospital veterinário, investimento de R$ 2 milhões, em área de 800 m², no Parque Central. O equipamento público deve contar com duas salas cirúrgicas, quatro consultórios, salas de pré e pós-cirúrgico, internação, sala de cadastro de adoções, laboratório, banho e tosa.
Apesar de o atendimento ser exclusivo a animais cujos tutores morem no município e os procedimentos incluírem castrações e exames gratuitos, a advogada Roseli Denaldi, vice-presidente da ESPA (Equipe Singulariana de Proteção aos Animais), do Colégio Singular, afirma que o município está longe de alcançar o ideal para a causa animal, porque o serviço de resgate animal não funciona na cidade. “Só ligar no CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) e comprovar, não funciona!”, desafia.
Em 2015, uma ação civil pública foi movida pela ESPA e UAPA (União Andreense Protetora dos Animais), com requerimento de meios para recolhimento de animais e médico veterinário para atendimento de casos emergenciais. Apesar da ação já ter sido julgada, o município segue sem o serviço, diz. “Se um animal é atropelado, não tem quem o salve, ele fica agonizando”, relata. “Do que adianta um hospital público se não tem quem o leve até lá?”, acrescenta.
Ainda de acordo com Roseli, o poder público auxilia somente com alguns medicamentos, vacina antirrábica e castração, mas falta atenção para cuidadores e protetores independentes, que precisam arcar com lares temporários, vacinas e outras questões. “A ESPA ajuda como pode, com ração e medicamentos além da feira de adoção, mas falta atenção do poder público que nem sequer permite trabalho voluntário no canil municipal”, reclama.

UPA Animal
No último dia 7, Mauá inaugurou a UPAA (Unidade de Pronto Atendimento Animal), na vila Bocaina, a primeira do Estado a oferecer atendimento clínico gratuito a cachorros e gatos. Quem buscou o serviço na primeira semana diz ter encarado grandes filas e aglomeração. “O serviço ajuda muita gente que não tem condição, mas até o animalzinho ser atendido demora muito, vem muita gente de outras cidades”, relata a moradora Elisangela Silveira.
A iniciativa, na visão do médico veterinário Felipe Murta, é bem vinda principalmente para a população de baixa renda que não tem como levar os animais domésticos a veterinários particulares, mas é necessário gestão e responsabilidade para contribuir com a causa. “O ideal seria ter um hospital público em cada município para atender toda população sem sobrecarga”, afirma.
Além do serviço municipal, o veterinário alerta para atenção redobrada quanto aos animais de rua. “Eles são de responsabilidade do Estado, sendo assim o serviço do hospital público também deve prestar atendimento a estes animais e assim contribuir para diminuição de riscos de grande reprodução, acidentes, atropelamentos etc”, acrescenta.