ABC - terça-feira , 14 de maio de 2024

Sujeira nos córregos preocupa com chegada de chuvas

Córrego de Diadema (Foto: George Garcia)

Garrafas plásticas, entulho, embalagens e móveis. Tem de tudo nos córregos do ABC. Nos últimos dois anos, foram recolhidas centenas de toneladas de lixo dos córregos e rios dos municípios da região. Apesar do trabalho de limpeza apregoado pelo poder público, o problema persiste, o que preocupa com a chegada da temporada de chuvas, que pede rios limpos para não haver estragos. A previsão é que o verão este ano traga chuvas acima da média, por conta dos canais de umidade.

Em Santo André, o rio Itrapoa, na divisa com Mauá, é exemplo. No trecho da rua Professora Maria Losangeles Navarro, é possível ver um armário inteiro desmontado na margem do rio, além de entulho e embalagens. A situação se repete no córrego da rua Campinas, no bairro Baeta Neves, em São Bernardo. Além de lixo, pneus velhos e entulho, um sofá foi largado no local. Em Mauá, o córrego na rua José Morales Martins, na Vila Noêmia, tem pedaços de madeira e embalagens plásticas nas águas, que desembocam no Piscinão do Paço. No córrego Curral Grande, divisa de São Bernardo e Diadema, tem lixo, plástico e materiais enroscados nos galhos da vegetação, que cresce entre as placas de concreto usadas na canalização. Até blocos de concreto assoreiam o leito do curso d´água.

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No fim do ano, é comum que trabalhos de limpeza em córregos e piscinões sejam realizados pelas prefeituras e pelo DAE (Departamento de Águas e Energia), do Estado. No entanto, de acordo com Marta Marcondes, pesquisadora da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul), isso não é o suficiente. O ideal, diz, é que existam ações conjuntas entre municípios e sociedade civil que, além da limpeza, conscientizem sobre o descarte irregular e a preservação dos córregos. “Se essa mentalidade não mudar, quando chover teremos de novo enchentes, destruição” afirma a pesquisadora.

Medida frequente adotada por quem vive em áreas com risco de enchentes é a instalação de comportas e outros tipos de barragens para impedir a entrada de água. Fátima Alves Tostes, coordenadora adjunta dos cursos de engenharia e arquitetura da Fundação Santo André, alerta que a medida não é eficiente, uma vez que a água sobe pelo encanamento e entra pelos ralos. “É possível fazer obras para evitar o problema, mas o certo é não ocupar essas áreas, já que sempre vai haver uma chuva que você não esperava e é essa que faz o estrago”, diz.

Prefeituras intensificam limpeza 

Procuradas, as prefeituras informam que realizam limpeza dos rios e córregos, além de reformas no sistema de drenagem. Em Santo André, o Semasa atua na manutenção do sistema de drenagem por meio de ações preventivas e de limpeza durante todo o ano. Cerca de 3 mil toneladas de lixo são retiradas de córregos e piscinões todo mês, e a punição para quem pratica descarte irregular de lixo pode chegar a 10 mil FMPs (Fator Monetário Padrão), que são equivalentes a R$ 4.300, e detenção.

Em Diadema, o cronograma de limpeza dos córregos é executado pelo Departamento de Águas e Energia, e a cidade tem equipe de fiscalização em todo o território. A multa para quem joga lixo em local proibido é de 540 UFDs (Unidade Fiscal de Diadema), o que equivale a R$ 2.095,20.

A limpeza dos córregos em Mauá já começou e deve durar até fevereiro. Quem for pego jogando lixo nos córregos paga multa de 100 FMPs (R$ 431), que pode ser multiplicada de acordo com gravidade.

São Bernardo informa que executa limpeza dos piscinões duas vezes ao ano ou mais, de acordo com necessidade. A limpeza dos córregos é feita periodicamente em intervalos de 70 dias. O Piscinão do Paço, inaugurado em agosto, deve colocar fim aos problemas de enchente na região, com capacidade para armazenar 220 milhões de litros de água. Rio Grande da Serra diz ter realizado recentemente trabalho de limpeza e desassoreamento dos córregos e afirma ter fiscais para evitar descarte irregular.

No âmbito do Estado, o DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica), responsável pela manutenção dos piscinões, informa que, neste ano, foram executados serviços de limpeza, desassoreamento e manutenção em 18 dos 19 reservatórios do ABC. Foram retirados 168,3 m³ de sedimentos, equivalentes a 67,3 piscinas olímpicas, e foi capinada área de 572.067 mil m². A autarquia aguarda conclusão de obra na Praça dos Bombeiros, em São Bernardo, para execução dos serviços no local. Ainda de acordo com o DAEE, todos os piscinões operam com a capacidade acima de 90%. São Caetano e Ribeirão Pires não se pronunciaram até o fechamento da matéria.

Defesa Civil
Preocupados em reduzir estragos causados pelas chuvas, os departamentos de Defesa Civil se preparam com treinamentos e ações táticas. Em Santo André, há planejamento para execução do Plano Operação Chuvas de Verão, a partir de 1º de dezembro. O projeto envolve ações para minimizar inundações e processos geológicos nas áreas de risco. A novidade é o sistema via WhatsApp, basta se inscrever com telefone e documento pelos números (11) 9 3366-2635 e (11) 9 9584-5372.

Em Diadema, a Defesa Civil realiza vistorias periódicas nas áreas de risco e prepara o plano de contingência e estoque estratégico com colchões, cobertores e cestas básicas. Mauá informa que a Defesa Civil tem a operação Guarda-Chuva e participa do PPDC (Plano de Previsão de Defesa Civil) para se preparar para as chuvas. Em Rio Grande da Serra, a Defesa Civil trabalha de forma preventiva em pontos mais críticos.

O Consórcio Intermunicipal tem o aplicativo Alerta ABC, que emite boletins meteorológicos diários. Além disso, opera com perfis no Facebook (www.facebook.com/cgeabc) e Twitter (@cge_abc).

 

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