Karina Tafner, ginecologista e obstetra especialista em Reprodução Assistida pela Febrasgo (Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia), orienta fazer avaliações ginecológicas no mínimo uma vez ao ano. “Esse número pode aumentar conforme necessidade da paciente, alterações nos exames de rotina ou fatores de risco para certas patologias ginecológicas”, destaca.
Um levantamento divulgado em 2019 pelo Datafolha apontou que 4 milhões de brasileiras nunca foram ao ginecologista, cerca de 5% do total. Outras 6,5 milhões de brasileiras, 8% do total, não costumam ir ao ginecologista. A pesquisa traz dados alarmantes porque também há um aumento de doenças, principalmente, do câncer de mama. Segundo o Inca (Instituto Nacional de Câncer), 2018 encerrou com cerca de 59.700 novos casos de câncer de mama no Brasil. O mesmo número é esperado para 2019. A incidência cresce progressivamente, especialmente, após os 50 anos.
Veja algumas dúvidas respondidas pela especialista:
Quando agendar a primeira consulta?
Após a primeira relação sexual, a mulher deve realizar a coleta de Papanicolau, no mínimo, uma vez ao ano, pois é o único exame capaz de prevenir o câncer de colo do útero e suas lesões precursoras.
Com que frequência se deve ir ao ginecologista?
O exame clínico ginecológico, que inclui a inspeção vulvar, avaliação especular, exame de toque vaginal e palpação mamária, deve ser realizado, no mínimo, a cada um ano, pois pode diagnosticar patologias ginecológicas. Não deve ser substituído e sim complementado por exames adicionais.
Quando realizar a mamografia?
Segundo a Sociedade Brasileira de Mastologia, tem indicação de ser realizada anualmente a partir dos 40 anos ou antes, caso haja fator de risco familiar, para diagnóstico precoce do câncer de mama.
Quais outros exames são importantes?
Outros exames devem ser solicitados conforme o ginecologista julgue necessário, como ultrassom transvaginal (identifica imagens dos órgãos internos, como útero, trompas de falópio, ovários, colo do útero e vagina. É possível diagnosticar problemas da região pélvica, como cistos, infecções, gravidez ectópica, câncer ou até confirmar uma possível gravidez), ultrassom das mamas (analisa alterações mamárias, como as que podem ser sentidas, mas não visualizadas na mamografia, ou variações em mulheres com tecido mamário denso. Também pode ser usado para observar alterações que foram vistas na mamografia. O ultrassom pode distinguir a diferença entre os cistos com líquido e massas sólidas), exames laboratoriais gerais, avaliações hormonais, colposcopia (faz parte do rastreamento do câncer de colo do útero, juntamente com teste de Papanicolau e/ou testes específicos para detecção do HPV – Papiloma Vírus Humano), vulvoscopia (exame da vulva, que consiste em avaliar as estruturas, pele e mucosas do órgão genital externo feminino. Quando aliada a uma biópsia, otimiza o diagnóstico das lesões HPV-induzidas, do líquen escleroso e de problemas mais graves, como o câncer na vulva).
O que é densitometria óssea e quando realizar?
É o exame mais eficiente para verificar o teor de cálcio e de outros minerais nos ossos. Segundo o HCor, é um exame indolor e seguro, que possibilita o diagnóstico por imagens, semelhante as do raio-X. É por meio da densitometria óssea que os médicos chegam aos diagnósticos de osteoporose e de osteopenia. Essas doenças são mais frequentes em mulheres e consistem na descalcificação dos ossos, que se tornam mais porosos e quebradiços. Os ossos enfraquecidos favorecem fraturas, especialmente nos quadris, o que gera expressivas limitações funcionais, além de favorecer doenças cognitivas e depressão em idosos. A indicação mais comum da densitometria óssea é entre as fases pré-menopausa e pós-menopausa.
O que o ginecologista precisa orientar?
O ginecologista tem o dever de orientar as pacientes sobre as doenças ginecológicas mais frequentes, o modo de prevenção dessas doenças e o diagnóstico das mesmas. Caso haja alterações na avaliação de rotina, é necessária uma consulta com um especialista da área, por exemplo, uma alteração grave na mamografia deve ser encaminhada ao mastologista.