Neste domingo (22/9), a partir das 14h, acontece a 15ª Parada do Orgulho LGBTi+ em Santo André. Com organização da Ong ABCD’s, o evento celebra 15 anos de luta no enfrentamento à homofobia e transfobia mediante a um cenário de perdas de direitos. A concentração está marcada para 12h na avenida Dom Pedro II com a rua Catequese, e a expectativa é reunir ao menos 4 mil participantes.
O tema central deste ano será This is me – Este sou eu, com desfiles que pregam forte apelo político em manifesto ao momento caótico em que a população LGBT vive no País. Assim, ao longo de todo percurso, os trios elétricos que fazem parte da celebração, vão tocar a música This is Me – do filme o Rei do Show – e farão paradas e gritos de manifesto à Educação, Saúde e igualdade de direitos.
O primeiro trio de abertura da Parada simbolizará a União, e contará com presença das cantoras Lorena Simpson, MC Trans e os cantores Alex Furttado e Michael Munhozz aos sons dos Djs Gaio Fernandes, Marcos Seya e Aline Bono. Contará ainda com apresentação da Dragtiffany e Jana Falcão.
O segundo trio elétrico traz como tema Festas e Baladas, com a presença especial de Marcia Pantera, Paulete Perturbada e a cantora Ludmilah Anjos. Já o terceiro trio, conta com a participação de artistas LGBT ao comando da apresentadora Fefe Houston, Djs Rodrigo Mota, Itamar M, Paula Pivato e os cantores Velaske Brown e Luiz Kingsman. Quem fecha as apresentações será o trio das Queen, com tema Força e Garra da apresentadora Xenia, com especial da Gervásia, Ludmila Jackson e o brilho especial da cantora Fernanda Nunes.
Em entrevista ao RDtv, o líder da comunidade LGBT, Marcelo Gil, explica que a atividade não se resume somente na celebração, mas manifesta a cobrança de respeito, tolerância e igualdade da população LGBT, tendo em vista o recente assassinato de uma travesti na avenida Industrial na última semana. “Nós tivemos um retrocesso em relação aos nossos direitos. Estamos em um momento que vai além do preconceito, vem de um estímulo de extermínio da população, e devemos lutar a favor da igualdade e vida”, afirma.
Mesmo com todo o avanço em debates sobre transexualidade, Gil explica que o preconceito ainda é algo que está enraizado em boa parte da população, e por conta disso, muitas ainda sofrem com desrespeito e violência. “Por conta dessa ignorância, muitas travestis apanham na rua e são taxadas como bandidas ou culpadas por algo que não fizeram”, explica. “No caso da travesti morta na última semana, já começaram a falar que talvez ela tivesse feito algo para ter sido assassinada, simplesmente por ser travesti”, acrescenta.
Nesta avaliação, o líder da comunidade LGBT reitera a necessidade da criação de políticas públicas para a população e pede composição de representantes no governo que façam parte da categoria. “Em muitas cidades, vemos heterossexuais nos representando, e eles não sabem da nossa realidade e nossas dificuldades”, diz. “Precisamos de representantes que nos entendam, que vivam o que vivemos e que entendam as nossas necessidades”, pede.
Ribeirão Pires avança nas políticas públicas enquanto Santo André recua
Gil considera ainda que na região, Ribeirão Pires está avançada em relação a políticas públicas, diferente de Santo André. “Até 2012, Santo André era pioneira em políticas públicas para o público LGBT, mas desde então houve um redemoinho de regressão”, comenta.
Isso porque na última semana, por unanimidade, a Câmara de Ribeirão Pires aprovou, em segundo turno, o projeto de lei que cria o Monumento Municipal de Tolerância e Respeito às Pessoas LGBT’s “Faixa da Diversidade”. O objetivo é fomentar políticas públicas de combate a LGBTfobia.
A proposta do vereador Amaury Dias (PV) é pintar com as cores do arco-íris uma das faixas de pedestres que ligam a Vila do Doce, mesmo local que recebe o Festival de Combate à LGBTfobia, e na sequência instalar na praça um totem que possa fazer com que os moradores reflitam sobre as medidas para evitar o preconceito.

Enquanto isso, em Santo André, os vereadores discutiram fortemente sobre a polêmica proposta de proibir o debate de ideologia de gênero e diversidade nas escolas públicas. Vários representantes de grupos LGBT’s foram ao Legislativo para pedir o arquivamento do processo.
Eduardo Leite e Bete Siraque (ambos do PT) foram à tribuna para consolidar o voto contra a propositura. “Este projeto tem uma série de artigos inconstitucionais, que não ajudam no debate. Temos de pensar que estão proibindo que se debata questões importantes como o combate ao abuso sexual, a gravidez na adolescência e o respeito”, disse Bete.
Acompanhado de Ronaldo de Castro (Republicanos), Lobo defendeu sua proposta já aprovada em primeiro turno. “Não tenho nada contra (os homossexuais), mas temos de preservar a família, por isso que esse projeto tem de ser aprovado. Temos de defender a família”, bradou o vereador. A proposta volta ao plenário na próxima terça-feira (24). (Colaborou Carlos Carvalho)