A Acigabc (Associação dos Construtores e Imobiliárias do Grande ABC) divulgou o balanço do setor no primeiro semestre e no comparativo com o mesmo período do ano passado houve uma alta de 98% no número de lançamentos de apartamentos. Os números revelam um forte otimismo do empresariado que voltou a investir depois de dois anos de retração.
Para o presidente da Acigabc, Marcus Santaguita, o estoque de imóveis reduziu e o salto no número de lançamentos caminha para equilibrar o mercado. “O estoque de unidades prontas é de 98, na planta são 610 e em construção 1.121, num total de 1.829 unidades o que mostra que as construtoras venderam a maior parte do estoque e investem em lançamentos e vendem os imóveis em construção. A gente percebe que o pessoal tem comprado de novo. No caso de unidade pronta é a hora certa de comprar, porque está acabando”, diz. Outro dado do levantamento da associação é que 70% dos imóveis comercializados no período foram comprados na planta.
Bruno Patriani, diretor da construtora Patriani, diz que o entusiasmo tem crescido desde o início do ano. “Foi uma retomada importante, lançamos o Allure, em Santo André, e vendemos tudo em 29 dias. Estamos lançando mais dois empreendimentos, um deles em São Caetano, o Kiruna, com 90 unidades de 82 a 86 m². O outro é em Campinas. “A gente está lançando porque acredita muito no mercado”, diz. A construtora tem ainda o Sky, em Santo André.
Apesar da alta de lançamentos, as vendas ainda estão no negativo. No primeiro semestre de 2018 foram vendidas 1.462 unidades contra 763 no mesmo período deste ano uma queda de 47,8%. Santaguita avalia que a recuperação do mercado deve se consolidar no segundo semestre, mas números positivos somente em 2020. “Tradicionalmente o segundo semestre sempre é melhor. Com um cenário político mais favorável, a confiança está sendo retomada, a gente acredita que os empresários voltem a lançar em um volume maior. Mas a recuperação efetiva vai se dar em 2020, a expectativa é muito boa, a tendência é tirar o projeto da gaveta”, analisa.
Para Bruno Patriani, alguns fatores fazem as vendas crescerem. “É uma excelente fase para comprar, os juros estão baixos, temos por exemplo a modalidade de financiamento com a Caixa pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo)”, analisa.
Robson Toneto, diretor de vendas da construtora MBigucci, concorda que a boa maré impulsiona os negócios. “Em São Paulo a retomada já aconteceu há quatro meses, aqui começa agora. Nós estamos lançando um empreendimento no bairro Assunção, em São Bernardo. Estamos sentindo um certo otimismo, mas com certeza, para 2020 se mantendo o ritmo as vendas estarão melhores”, diz.
Para Toneto, alguns fatores ajudam na credibilidade do governo pelas construtoras, como o financiamento com a correção pelo IPCA e a nova lei do distrato, aprovada em dezembro. A construtora está com dois empreendimentos em andamento, investimento pequeno pela média da empresa. “Costumamos lançar de 7 a 8 por ano, mas dois já são bons para um mercado que estava parado”, completa.
Santo André apresenta melhor desempenho
O resultado mais positivo de lançamentos de imóveis na região, segundo levantamento da Acigabc foi o de Santo André, que teve alta de 234% no número de lançamento. Passou de 272 unidades para 908 no comparativo entre os primeiros semestres dos dois anos. O resultado também foi bom em vendas em 47,5% (de 301 unidades comercializadas para 443) e em movimentação financeira com alta de 98,7% (de R$ 154 milhões no primeiro semestre de 2018, para R$ 306 milhões). “A cidade oferece um ambiente melhor para negócio do que as outras cidades”, avalia o presidente da Acigabc, Marcus Santaguita. O diretor da Patriani, Bruno Patriani, diz o mesmo. “Santo André acaba dando um pouco mais de margem para o construtor”, afirma.
Diadema vem na sequência, mas com tímido resultado de alta de 6,9% nos lançamentos – de 144 para 154 unidades, porém em volume de vendas a queda foi de 78,5% (de 669 unidades para 144). Mauá não teve lançamentos neste primeiro semestre, nos primeiros seis meses do ano passado tinham sido lançadas apenas 120 unidades. Desempenho pior somente São Bernardo que não teve lançamento nos dois períodos. Em Mauá, a TCU foi revisada e a vice-prefeita Alaíde Damo (MDB) sancionou a alteração na lei antes de deixar o cargo, o que para o setor é tido como positivo.
“Não podemos afirmar 100% que é isso, mas há um forte indício de que as leis têm influenciado. Mauá tem os 10% do TCU (Termo de Compensação Urbanístico), inviabilizou. São Caetano baixou o coeficiente para uma vez a área a ser construída e em São Bernardo o coeficiente caiu de 4 para 1,5 a área do terreno. O mercado não tem fronteira, então as construtoras vão para outros lugares. Os empresários estão indo para Santo André, porque a lei é favorável”, ressalta.
Em nota, a Prefeitura de São Caetano informou que a legislação visa frear a verticalização. “A legislação municipal regulamentou a construção de condomínios residenciais após o boom imobiliário, fenômeno que ocorreu em todo o País no final da década passada e início desta. A Prefeitura, no sentido de garantir o desenvolvimento sustentável da cidade, quer o crescimento equilibrado do município, além de garantir a oferta e a qualidade dos serviços públicos, mas sem prejudicar a atuação das empresas de construção civil”, informa sobre o coeficiente da área construída.
São Bernardo diz que estuda mudanças no Plano Diretor. “São Bernardo busca estudos técnicos para revisão do plano diretor, que estabelece regras para o desenvolvimento urbanístico. A meta é flexibilizar os limites para verticalização no município até o final deste ano, em áreas cuja infraestrutura acomode o aumento da demanda populacional”, informa.