O Ranking do Saneamento Básico elaborado pelo instituto Trata Brasil e divulgado nesta terça-feira (23/07) mostra a queda na qualidade dos serviços de forma bastante significativa em Diadema, onde o serviço é realizado pela Sabesp, e em Santo André, onde a água e o esgoto são atribuições da autarquia Semasa (Serviço de Saneamento Ambiental de Santo André) por enquanto, já que esse trabalho passará para a Sabesp nos próximos meses. De outro lado Mauá e São Bernardo melhoraram suas posições no ranking.
Para o presidente do instituto Trata Brasil, Édison Carlos, a chave para a melhora dos índices de saneamento é o investimento. “A diferença entre os 20 melhores e os 20 piores colocados é o investimento. Por isso chama a atenção o descolamento entre as melhores e piores cidades. Quem se destaca é porque fez investimentos à longo prazo e quem está lá embaixo no ranking é porque não melhora os investimentos há muitos anos. Temos falado da relação do investimento e os benefícios há muito tempo, pois o saneamento ajuda a melhorar muitas outras coisas, a saúde principalmente”, destaca.
Quatro cidades do ABC figuram entre as 100 melhores, sendo que duas conseguiram melhorar seus índices e as demais registraram queda significativa na lista. Mauá é a melhor colocada da região está em 24º lugar e melhorou na comparação com levantamento de 2018, subindo uma posição. “Mauá já tinha números muito bons desde que a BRK Ambiental assumiu a coleta e tratamento de esgotos”, comentou Édison Carlos. Por sua vez a empresa de saneamento comemorou a melhora no ranking. “O avanço dos índices de coleta e tratamento de esgoto na cidade de Mauá são reflexo da continuidade dos investimentos já da ordem de R$ 250 milhões realizados pela BRK Ambiental, proporcionando a ampliação do Sistema Público de esgotamento Sanitário, a construção de uma Estação de Tratamento de Esgoto na cidade (ETE-Mauá) que já trata em torno de 50 milhões de litros por dia e a consequente despoluição de cursos d´água e córregos que cortam o município”, informa em nota.
Depois de Mauá vem São Bernardo, onde a distribuição de água e a coleta e tratamento de esgotos são responsabilidade da Sabesp. O município deu um salto grande passando da 44ª posição no ano passado para a 33ª este ano. Os números que fizeram a cidade subir no ranking foi a melhoria da coleta em dois pontos percentuais, melhoria no tratamento de esgotos em 5 pontos e redução das perdas de 41% para 38%.
Piora
Diadema, onde o serviço também é da Sabesp desde 2014, com a extinção da autarquia Saned, a realidade é bem diferente de São Bernardo. O município caiu 15 posições passando da 40ª posição em 2018 para a 55ª colocação. De acordo com o Instituto a cidade caiu por conta do baixo investimento e acabou sendo superada por outros municípios. O tratamento de esgotos caiu de 22% para 18% e o índice de perdas na rede de distribuição subiu sensivelmente de 22,8% para 23%.
Santo André também caiu várias posições no levantamento do Instituto Trata Brasil, foram sete posições perdidas em um ano. Em 2018 a cidade estava na 43ª colocação e este ano passou para a 50ª. O índice de tratamento de esgotos, que caiu de 42% para 35%, e o aumento das perdas na rede de distribuição de 39,7% para 45,8%, foram os quesitos que contribuíram para a piora do desempenho da cidade segundo explica o instituto.
O Semasa, em nota, discorda dos números do instituto. “Os dados utilizados pelo Trata Brasil para compor o ranking são do ano base 2017 do SNIS. Entre 2016 e 2017, houve divergência no sistema de medição do esgoto enviado para tratamento junto à Sabesp. Naquele ano (2017), o índice de tratamento de esgoto em Santo André era 41% e não 35%, como está no ranking divulgado pelo estudo hoje. Além disso, atualmente, o Semasa já apresenta indicadores de tratamento de esgoto superiores. A média tratada em 2018 foi de 46% e a expectativa é manter o mesmo indicador em 2019. Já o índice médio de perdas de água em Santo André era de 47% no início de 2017, sendo que caiu para cerca 43% hoje, fruto de trabalho constante de combate às perdas da autarquia. Destacamos que a Prefeitura de Santo André e o Semasa estão em tratativas com a Sabesp, que assumirá os serviços de água e esgoto na cidade. A perspectiva é que a cidade passe a receber mais investimentos em saneamento, o que resultará em melhorias nos índices de distribuição de água e tratamento de esgoto”.
Sabesp
Em nota, a Sabesp se pronunciou sobre o ranking Trata Brasil. A estatal explicou a situação de São Bernardo, mas no caso de Diadema, discorda dos números apresentados.
“A Sabesp tem um plano de investimentos de R$ 110 milhões em São Bernardo, que serão aplicados em duas etapas e vão tornar ainda melhor o saneamento no município. São obras para a instalação de 9 válvulas redutoras de pressão e substituição de redes, para melhorar o sistema de abastecimento de água e reduzir perdas. Ao todo, serão renovados 172 km de tubulações de água, o equivalente à distância entre São Paulo e Campos do Jordão e que representa uma economia de 1,4 bilhão de litros de água a cada ano, após a conclusão do programa. A primeira etapa contempla as regiões do Taboão, Rudge Ramos, Mussolini, Vila Marchi, Assunção, Centro e Nova Petrópolis. Serão substituídos 87,7 km de redes, beneficiando 180 mil moradores. Na segunda etapa serão renovados 83,9 km de redes, atendendo os bairros Pauliceia, Cacilda e Nova Petrópolis/Centro. Além disso, estão em andamento as obras do Programa Pró-Billings, que vai ampliar a coleta e o tratamento de esgoto no ABC, melhorando a qualidade de vida da população e preservando o manancial. O Pró-Billings também ajuda a elevar o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e a reduzir a mortalidade infantil e doenças de veiculação hídrica. Com as obras, o esgoto de 250 mil pessoas será transportado até a estação de tratamento, beneficiando indiretamente também os demais municípios do ABC. Serão instalados 133 km de grandes tubulações de esgoto e 39 estações para o bombeamento do esgoto até a estação de tratamento. Ao todo serão investidos R$ 200 milhões”, sustentou a companhia.
Sobre Diadema, a Sabesp discorda dos dados do Trata Brasil e informa que os índices de saneamento apresentam melhora constante desde que a Companhia voltou a operar o serviço no município, em 31 de março de 2014. “Desde aquela data, muitas melhorias foram realizadas, com investimentos de R$ 200 milhões no período. E, com um plano de investimentos de R$ 529 milhões, as obras e ações a serem realizadas proporcionarão a universalização do saneamento da cidade, com abastecimento de água, coleta e tratamento de esgoto garantidos aos moradores das áreas regulares até 2025. Em relação à coleta de esgoto, as obras para melhoria no serviço aumentaram de 24% para 52% o índice de tratamento de esgoto. Somente na comparação entre 2017 e 2018, o índice de tratamento de esgoto passou de 45% para os 52%. No período de operação da Sabesp, foram realizadas 15 mil novas ligações de água (2.300 foram regularizações em núcleos de baixa renda) e 10.600 ligações de esgoto, sendo 600 em áreas de baixa renda, principalmente nos bairros como Caviúna, Iguassu, Beira-Rio e Sítio Joaninha, entre outros. No caso do fornecimento de água, a primeira grande obra do período de operação da Sabesp foi a travessia do Reservatório Nações para o Reservatório Real, permitindo a regularização do abastecimento. Dentre as ações, vale destacar a implantação de 23 válvulas redutoras de pressão, substituição de 24 km de redes antigas e de 9 mil ramais de água, assentamento de 8 km de novas redes e a construção de 3 estações de bombeamento. Essas ações levaram à diminuição das perdas de água, com redução de 26% do número de vazamentos e a economia de 1,5 bilhão de litros de água”, sustentou a Sabesp.