O crescimento econômico do ABC próximo de zero e o acordo da União Europeia com o Mercosul não trazem otimismo para o setor industrial que ainda tem participação muito importante na região, de 24%. É o que conclui o boletim Economiabc, elaborado pelo Observatório Econômico da Universidade Metodista, que trouxe dados sobre a economia da região e os possíveis reflexos do acordo internacional entre os dois blocos. Os dados dão conta de que a indústria da região vai demorar três anos para se recuperar da crise.
O PIB (Produto Interno Bruto) da região, que já estava próximo da estagnação com 2% em 2017 e 0,2% no ano passado, pode voltar a ficar perto de zero. O PIB brasileiro, na sua última revisão em junho, passou de 2% para 0,9%. Para o economista e professor da Metodista, Sandro Maskio, o acordo Mercosul e UE pode agravar a situação da indústria do ABC. O pesquisador avalia que, no ritmo atual, a economia do ABC vai demorar mais de três anos para se recuperar, já que nos anos de 2014, 2015 e 2016 o PIB do ABC caiu 27% com recessão nos três anos.
Como a região tem sido forte importadora de insumos industrializados, nas últimas décadas, a indústria local tem perdido espaço, o que pode se agravar com o acordo. “Esse acordo não necessariamente será produtivo para o setor industrial e a questão é a competitividade, ou seja, o acordo não garante que a indústria brasileira vai conseguir se aprimorar para ser competitiva. Hoje a indústria do ABC, e a brasileira como um todo, está em um estágio inferior em relação ao desenvolvimento de tecnologia e inovação, o que limita sua capacidade de competir com a Europa”, avalia Maskio.
O professor da Metodista considera até a estimativa de três anos para recuperação industrial bem modesta. “Acho que vamos demorar muito mais porque, se em três anos perdemos 27% das riquezas, neste ritmo lento de recuperação vai demorar muito mais”, calcula. O desemprego é a maior consequência deste atraso. Entre os anos de 2012 e 2014, segundo o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) do Ministério do Trabalho, a região perdeu 60 mil postos de trabalho no setor industrial. Em maio deste ano o desemprego bateu 14,6% da população economicamente ativa. No segundo semestre de 2011 o índice era de apenas 8,1%, o menor da década. O ápice do desemprego não está muito longe do índice recente que foi 19,2% em abril de 2017.