O coordenador do programa de pós-graduação de comunicação da Universidade Metodista, o jornalista e relações públicas, Luiz-Alberto de Farias, autor do livro “Opiniões Voláteis: Opinião Pública e Construção de Sentido”, falou de sua obra e comentou sobre o momento em que o país vive em relação à velocidade das informações, mesmo que estas não sejam verdadeiras. O professor participou do RDTv e foi entrevistado pelos jornalistas Carlos Carvalho e Leandro Amaral.
Farias explicou que o livro expõe sua pesquisa sobre o tema em que destaca o ódio nas redes sociais, a manipulação das informações, a divulgação da não verdade, ou da pós-verdade. “O que nos vivenciamos é um momento de busca de afirmação, mas o debate não pode ser convicto, tem que ser amplo. Só se pode ter certeza depois de duvidar muito”, analisa.
O professor de comunicação relembra que a manipulação das notícias visando o poder não é novidade na história e que as redes sociais tem sido muito usadas com esse objetivo. “Início do século passado alguns autores passaram a manipular a informação, exemplo do nazismo criando ódio, e mais recentemente na eleição do Donald Trump que foi eleito por uma grande estrutura midiática. Ele alcançou a marca de 10 mil mentiras, é praticamente um autor de ficção científica, talvez falte tempo para gerar trabalho e gestão. Alguém que está preocupado em contar mentira não vai se preocupar com o que é ético. Isso gera falta uma desinformação entorpecida que é muito preocupante para a população. As fake news sempre foram feitas de forma estratégica. Mas a gente vê como isso hoje vem afetando o dia a dia das pessoas”, analisa.
O autor do livro conta que, por preguiça de checar, ou por crença, as pessoas disseminam notícias falsas pelas redes sociais. “Quando a pessoa tem obesidade informativa, acha que tem informação, que é especialista. Dá sensação de saber, que por sua vez dá o perigoso conforto de não checar”.
Perguntado qual o remédio para essa situação que o país vive em relação às notícias falsas, o professor de comunicação diz que primeiro é preciso ver as notícias e deixar de lado as suas paixões. “É como o torcedor de futebol, que quando o time erra ou vai mal cobra e critica. O primeiro ponto é despassionalizar o país; não observar o fato com paixão; só ter informação ampla, pois não se pode tomar decisões às cegas. O governo está a nosso serviço, devemos ser críticos sempre, e só pode ser crítico se tem informação”.
Segundo o professor da Metodista pelo aplicativo de mensagens Whatsapp as notícias falsas viralizam rapidamente porque se recebe mensagens com esses textos de pessoas que você já conhece e a tendência é de repassar. “Pesquisa mais recente mostra que o aplicativo é o maior meio de divulgação das Fake News porque não tem como fazer uma fiscalização eficiente. Se recebo uma notícia vou estar mais disposto a olhá-la e vou passar por um processo de compreensão. Me recordo de uma mulher no Guarujá que foi morta a pedradas porque era acusada de bruxaria. A morte está aí, está na mentira”.
Apesar dos esforços de meios de comunicação e até de poderes públicos para combater as notícias falsas, o professor não vê com muito otimismo o momento para a informação. “É triste que tenha uma necessidade de dizer se é fato ou fake. Se saiu na imprensa é fato, exceto algumas distorções como o caso da Escola Base. Hoje se vive a era da intolerância e há um trabalho para descredibilizar a imprensa que é muito forte. A imprensa é a mantenedora da democracia. Algumas estratégias políticas e empresariais, dizem uma coisa e depois negam, é estratégia desde o nazismo, produzida por marqueteiros, que de alguma maneira querem descredibilizar a imprensa”, conclui