Na casa de muitas famílias, mal se acaba de comemorar o fim de ano e já se começa a planejar como comprar todos os itens da lista, ou listas, de material escolar. O IBRE/FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas) lançou a pesquisa Inflação do Material Escolar, que considera a variação de preços dos itens que compõem a cesta básica do material escolar nos 12 meses de 2018, em âmbito nacional. Veja tabela. Entre janeiro e dezembro de 2018, os materiais escolares subiram em média 1,02%, enquanto a inflação acumulada pelo IPC-S chegou a 4,32%. A alta de preços não leva em conta a variação dos livros didáticos e não didáticos. Os livros didáticos subiram 0,50% e não didáticos 0,46%. Já o transporte escolar subiu bem acima da inflação e ficou em 5,19%. Esses índices tendem a variar com a proximidade do início das aulas.
O professor de MBA em gestão financeira da Fundação Getúlio Vargas, Ricardo Teixeira diz que não há outra forma de evitar gastos excessivos com o material escolar que não seja a boa e velha pesquisa, que pode ser iniciada pela internet, mas o professor não descarta uma pesquisa física, de loja em loja . “A melhor forma de iniciar uma pesquisa sobre a lista de material escolar é a internet, mas em se tratando de engenharia financeira, fazer uma pesquisa em dois ou três lugares também pode ser vantajosa, pois esse gasto de ‘sola de sapato’ e a conversa olho no olho podem trazer bons descontos”, diz.
O consumidor deve evitar o que for novidade e os personagens da moda. “Se optar pela coleção anterior vai ter descontos maiores”. A criação de grupos de pais é apontada pelo professor da FGV como a grande ferramenta de negociação. “Uma compra coletiva pode trazer um desconto muito grande. Outra coisa é dividir a compra; o pai pode fazer uma média de gasto mensal do material e comprar o suficiente para os três primeiros meses de aula, isso porque os preços estão em alta agora, mas com a estabilização e a redução da procura, a vantagem pode ser maior. Então compra uma parte agora e os 60% restantes pode ficar para depois, porque o poder de barganha é maior”.
Outra dica que pode ser estimulada pela escola é uma espécie de feira de troca. “Aí se pode comprar produtos em bom estado com descontos enormes”, afirma.
No quesito uniforme, outro item que pesa no bolso dos pais, a dica é recorrer aos bazares que muitos colégios fazem. O Centro de Estudos Júlio Verne, em Diadema, recebe doações de peças de vestuário usadas e esses itens são vendidos a preços simbólicos pela escola. Além de ser uma alternativa mais econômica, a escola informa que utiliza todo o dinheiro arrecadado com as vendas para a manutenção de uma praça que fica em frente à escola.
No Colégio Stocco, de Santo André, os pais doam os materiais já utilizados. Quem quiser pode se cadastrar em novembro para conseguir obter os materiais de graça. Segundo a diretora Jozimeire Stocco, esse trabalho é feito tanto para livros como para uniformes.
A dona de casa Rosana Bassoti conta que deixa os filhos, de 9 e 13 anos, cientes sobre o valor dos itens. “Compro o que cabe no bolso. Eles entendem que é assim e não dão trabalho para escolher”, afirma. Rosana conta também que aproveita materiais em bom estado de um ano para o outro e que, como os filhos estudam na mesma escola, o uniforme é passado de um para o outro.
Cristiana Silva, responsável pela compra de materiais para a sobrinha de 6 anos conta que no colégio onde a criança estuda tem o sistema de troca de uniformes entre os alunos. Os pais e responsáveis levam os uniformes que não servem mais para as crianças e trocam por peças disponíveis que sirvam. “É uma maneira que a gente encontra de economizar. Já faz diferença no orçamento”, diz.
Produtos licenciados dobram custo
É importante estar atento às variações de preço dos mesmos itens da lista de materiais em diferentes lojas. Entre as lojas Maisvaldir, Nivalmix, Miamor, Armarinhos Fernando e Kalunga, pesquisadas pelo RD, os produtos que mais variam de preço são os cadernos que, a depender da marca e do modelo escolhido, mesmo dentro da mesma loja, podem chegar a mais de R$ 20 de diferença.
Na Maisvaldir, que tem lojas em São Bernardo e Santo André, por exemplo, os cadernos de 10 matérias tem variação entre R$ 19,90 – modelo mais simples e sem personagem – e R$ 42,90 – com personagens de filme.
Outro item cujo preço varia bastante entre as lojas são as caixas de lápis de cor da marca Faber Castell com 12 ou 24 cores. O Armarinhos Fernando, em Santo André, é a loja entre as pesquisadas que oferece melhores preços para o item: a caixa com 12 cores sai por R$ 10,90, enquanto a com 24 cores custa R$ 19,90.
personagens e itens simples. Na Nivalmix, por exemplo, a tesoura da marca Tris custa R$ 5,99, mas quem optar por comprar a da marca Molin, que tem personagens infantis estampados, paga R$ 14,90. Na Kalunga a diferença entre os preços das tesouras também é grande, a mais em conta custa R$ 2,90, da Mundial, e a mais cara também é a da marca Molin com personagens, e sai por R$ 13,90.
Outra opção interessante para quem quer gastar menos é ficar de olho nas promoções e condições que as lojas oferecem. O Armarinhos Fernando, por exemplo, oferece pacotes de cadernos de 10 matérias com quatro unidades, que saem a partir de R$ 87,60. O pacote com dois cadernos de 15 matérias custa R$ 39,80. O Kalunga oferece desconto para os clientes que levarem os cadernos antigos para a loja no momento da compra. A cada quilo de papel, o cliente ganha R$ 1,50 de desconto para a compra de cadernos novos ou papel sulfite da marca Chamequinho, tamanho A4. Na Miamor, o diferencial é o parcelamento, que pode ser feito em até seis vezes.
A professora Silene Coelho permitiu a escolha de alguns itens pelas filhas. Ela aproveitou itens de outros anos, como lápis de cor e canetinhas, e vai comprar somente o necessário. Silene negociou com as filhas e as deixou escolherem dois cadernos, mas o resto da lista seria escolhido pelos pais. “Aí fica equilibrado. Já escolheram o que queriam, agora é com a gente [risos]”, afirma.