A tecnologia, principalmente a internet, está cada vez mais presente no cotidiano de crianças e adolescentes. No entanto, o mundo virtual pode trazer sérios riscos à saúde dos pequenos, como crises de ansiedade, depressão, problemas na visão e até mesmo obesidade. De acordo com pediatras os alvos são crianças em fase de crescimento, entre 2 a 17 anos.
Isso se deve ao tempo que muitas crianças ficam com os aparelhos eletrônicos em mãos. A recomendação é que, até dois anos de idade, o uso diário se limite a 30 minutos, enquanto de 4 a 6 anos até 1h e para os maiores, até 3 horas diárias. Já a pediatra do Hospital e Maternidade Christóvão da Gama, Luciana de Freitas Peres, defende que os pais evitem o contato da criança com os aparelhos eletrônicos e estimulem práticas ligadas ao bem-estar.
“A criança precisa vivenciar a infância, brincar e principalmente, ter contato com outras de sua idade”. Segundo ela, o celular e o tablet tomaram o lugar do videogame e atualmente são elencados como os aparelhos mais utilizados por crianças e são responsáveis por desencadear a ansiedade, alterações no sono, problemas hormonais e deficiência no desenvolvimento cognitivo. “Além de aumentar a probabilidade de desenvolver essas doenças, a criança esquece da realidade e passa a viver no mundo virtual”, conta.
Os responsáveis, de acordo com Luciana, são os pais, que muitas vezes para distrair os filhos, entregam os aparelhos celulares para as crianças. “Vemos isso dentro do próprio consultório. Isso quando as maiores, de sete ou oito anos, não vem com o próprio aparelho”, diz.
Mãe de primeira viagem, Keyt Goulart, moradora de Ribeirão Pires, adotou as recomendações da pediatra e evitou que sua filha Manuela, de um ano de idade, utilizasse o celular. “De vez em quando ela assiste alguns vídeos infantis, mas evitamos deixar o celular com ela. Prefiro que ela brinque com os brinquedos, coisas de criança, até porque ela ainda não tem idade para isso”, disse.
Pedofilia
Outra preocupação dos especialistas é em relação a qualidade do conteúdo consumido pelas crianças sem monitoramento dos pais e responsáveis. Ao mesmo tempo em que o avanço tecnológico contribuiu, também proporcionou sensação de liberdade e anonimato aos usuários, o que resultou em prática de crimes como a ciberpedofilia. “Há jogos de interação em que as crianças facilmente tem contato com usuários que não conhecem e que tentam se aproveitar da ingenuidade da criança”, alerta a pediatra.
A neurologista infantil do Hospital Assunção de São Bernardo, Letícia Rasia de Mello Rodrigues, ressalta ainda que este tipo de ação ocorre principalmente na pré-adolescência e gera transtornos emocionais que necessitam de tratamento psicológico. “Nessa idade, principalmente as meninas, estão mais vulneráveis. Sabendo disso, os pedófilos aplicam o crime e fazem com que a criança se sinta culpada pelo crime em que ela mesma foi a vítima”, explica.
Dados do Ministério dos Direitos Humanos registram que, em média de 15 mil ocorrências são registradas ao ano no Brasil. As denúncias devem ser feitas para o Disque 100.