A partir da próxima semana, quando acontece a reunião mensal dos prefeitos no Consórcio Intermunicipal Grande ABC, a entidade regional passará a representar apenas 4 das 7 cidades da região. Depois da aprovação, nesta terça-feira (27/11), pela Câmara de São Caetano, de projeto que trata da saída do município do órgão, agora é o prefeito de Rio Grande da Serra, Gabriel Maranhão (sem partido) que formalizou a saída de sua cidade nesta quarta-feira (28/11).
Ele afirmou, em entrevista ao Repórter Diário, que enviaria a carta de desfiliação ao secretário executivo do consórcio, Tunico Vieira, que por sua vez confirmou, no início da noite, o recebimento do documento, juntamente com o ofício do prefeito sancaetanense, José Auricchio Júnior (PSDB). Diadema foi a primeira a sair do consórcio em 2017. O prefeito Lauro Michels (PV) alegou dificuldades para pagar as mensalidades.
A Câmara de Rio Grande da Serra aprovou o projeto sobre a saída do Consórcio em maio. Somente seis meses após a autorização legislativa Maranhão decide oficializar a situação entregando a carta de desfiliação conforme reza o estatuto do colegiado de prefeitos. Apesar de anunciar a saída oficial da cidade da entidade Maranhão comemorou os avanços que a cidade teve ao longo dos últimos anos, que só foram possíveis através da organização consorciada das cidades. “Não foi uma verba só, foi um monte delas, recebi um pacote de mobilidade urbana no valor de R$ 41 milhões, é o maior projeto que a cidade já viu, nunca uma cidade do tamanho de Rio Grande, iria conseguir isso sozinha; recebi 10 médicos e uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento), implantamos ainda o Centro Regional de Treinamento das Guardas, tudo através do consórcio”, destacou o chefe do Executivo.
Apesar dos benefícios auferidos através do Consórcio, Maranhão diz que, aos poucos a entidade se tornou um órgão mais político que executivo e que perdeu-se do seu objetivo inicial. “Perdeu aquela participação e parou de trazer benefícios para as cidades. É uma pena porque o consórcio, idealizado por Celso Daniel (prefeito de Santo André morto em 2002) foi referência para todo país. Agora está contaminado pela política”, justificou.
OUTRO CONSÓRCIO
Maranhão não diz claramente, mas dá indícios de que uma nova entidade regional deve ser criada já a partir do próximo ano. “Não tenho dúvidas que, já a partir de fevereiro vamos ter um novo modelo de trabalho, uma agência de desenvolvimento regional, com reuniões em cada prefeitura, envolvendo mais o corpo técnico dos municípios e que vai trazer muito mais resultado”, declarou. E o prefeito conclui dizendo que a integração regional deve continuar. “A gente sai de Rio Grande da Serra, passa pelo ABC todo e vai até São Paulo sem saber onde começa uma cidade e termina a outra, é uma região conurbada com mais de 2,2 milhões de habitantes, as soluções de problemas comuns como mobilidade e lixo, entre outras só podem ser resolvidas de forma regional”, ponderou. O mesmo modelo de agência regional, sem sede, com reuniões nas prefeituras, foi defendido pelo prefeito de Diadema, Lauro Michels (PV), mostrando que os prefeitos dissidentes do consórcio já articulam esse movimento.
Em São Caetano, após a Câmara ter aprovado a saída do Consórcio esta semana, a questão deve ser resolvida mais rapidamente. Havia a expectativa de Auricchio apresentar sua carta de desfiliação durante a reunião mensal dos prefeitos no Consórcio, marcada para a próxima terça-feira (4/11), porém a carta foi encaminhada por ofício já nesta quarta-feira. A assessoria de imprensa do prefeito Auricchio não retornou ao pedido de entrevista.
O secretário executivo do consórcio, Tunico Vieira, preferiu não comentar o assunto. Em nota, apenas confirmou o recebimento das cartas de desfiliação das duas cidades. “A partir desta oficialização, a Secretaria Executiva da entidade abre o prazo estabelecido no Estatuto do Consórcio Intermunicipal Grande ABC, de 180 dias, para que o município formalize a saída definitiva do quadro de consorciados”, diz o comunicado.