Os 81 médicos cubanos que atuavam do ABC pelo programa federal Mais Médicos começaram a deixar os postos e a maioria deve voltar ao seu país neste fim de semana. As prefeituras informam que remanejam as equipes para o atendimento, mas em várias UBSs (unidades básicas de saúde) não houve atendimento, por falta de profissionais. Seis das sete cidades contavam com profissionais da ilha caribenha, apenas São Caetano não aderiu ao programa.
Em Mauá, onde havia mais médicos cubanos, 33 profissionais, a Prefeitura diz que o remanejamento começou. Mas o RD esteve nesta quinta-feira (22) na UBS da Vila Magini e ouviu críticas de moradores. É o caso da dona de casa Leonor Aparecida Ferreira Reis, 64 anos, e moradora do Santa Cecília, disse que foi agendar consulta e pediram para dia 17 de dezembro. “Já fui muito bem atendida por médicos cubanos, agora as consultas ficarão ainda mais demoradas, mesmo com eles já não davam conta”, disse a paciente que enfrenta problemas na perna por causa de circulação e também precisa de oftalmologista.
A Prefeitura de Mauá informou que não ficará inerte para garantir que os usuários do SUS (Sistema Único de Saúde) não sejam prejudicados. A administração acompanha o edital por parte da União, publicado nesta terça-feira (20), para reposição de 8,5 mil profissionais do Mais Médicos e, enquanto o processo de contratação transcorre, tomará medidas próprias em prol da população mauaense”.
Em São Bernardo a dona de casa Vani Cazela foi até a UBS Paulicéia, mas não conseguiu trocar sua receita para comprar remédios que usa regularmente. “Eu vim passar no médico para pegar a receita, mas não tem médico, como é que eu vou fazer agora para comprar os remédios?”, indagou a paciente, que é hipertensa.
São Bernardo informa que já deu início ao remanejamento de médicos para áreas mais prejudicadas pela saída dos 17 profissionais cubanos que deixaram o programa Mais Médicos, uma vez que a cidade dispõe de um total de 1.511 médicos em toda a sua rede, o que garante o atendimento à população. As consultas marcadas com estes profissionais estão sendo reagendadas com outros médicos das unidades. Porém, em casos de necessidade o paciente pode ir à unidade e solicitar atendimento com o acolhimento. Se houver necessidade, os enfermeiros encaixam o atendimento para o mais breve possível. A Prefeitura reitera que aguarda do Ministério da Saúde a reposição dos médicos.
Em Ribeirão Pires, desde quarta-feira (21) os cinco médicos cubanos não atuavam mais na rede e devem deixar o País neste fim de semana. A rede municipal vai contar com 10 médicos do programa, todos brasileiros. “As equipes estão sendo remanejadas para que haja atendimento nas 10 unidades básicas de saúde e reforçam as orientações aos profissionais da Atenção Básica em relação ao acolhimento e agendamento de consultas dos pacientes”, informa em nota.
Em Diadema, os dois médicos que atuavam na cidade já não prestam mais serviços e segundo nota da administração a Secretaria de Saúde adota procedimentos para que o impacto da saída desses médicos não reflita no atendimento à população. Na cidade uma funcionária, que não quis se identificar por medo de represálias, disse que a situação na UBS da Vila Conceição está “muito complicada”. Segundo ela, as equipes que já estavam desfalcadas perderam mais um médico, um cubano que parou de atender esta semana. A unidade conta com cinco equipes de profissionais de saúde da família, que dividiam a atenção de três profissionais, agora com a saída de um, ficaram dois médicos para atender as cinco agendas. A situação no local é agravada pela violência, pois, no início de novembro uma médica foi assaltada e já pediu transferência.
Em Santo André, onde atuavam 18 médicos cubanos, o prefeito Paulo Serra minimizou o problema. Disse que o impacto é pequeno pela quantidade de médicos em relação ao tamanho da rede. “Para as cidades maiores, como Santo André, o programa tem menos importância do que no interior”, comentou. O último dia de trabalho dos profissionais foi dia 14, quando foi anunciado o fim do convênio com o governo cubano. “A Secretaria de Saúde está tomando as providências para cobertura das vagas deixadas, para que não ocorra prejuízo na prestação dos serviços à população”, explicou.