Ideologias de esquerda e direita, históricos em cargos públicos, apoios e comportamento partidário foram os principais alvos dos debates e discursos dos candidatos a presidente e a governador no segundo turno.
No próximo domingo (28), cerca de 140 milhões de eleitores voltam às urnas para as últimas definições do pleito de 2018. Fernando Haddad (PT) e Jair Bolsonaro (PSL) disputam o principal cargo político do País, enquanto João Doria (PSDB) e Márcio França (PSB) buscam votos pelo comando do Palácio dos Bandeirantes.
A disputa presidencial é marcada pelo antagonismo político-ideológico exercido por Bolsonaro e Haddad. Enquanto o deputado federal busca apoio nos chamados eleitores “anti-PT”, o ex-prefeito da Capital corre atrás de votos em uma “frente pela democracia”. A divisão criada nas últimas semanas fica também evidente em seus defensores.
Em debate realizado pelo RDtv, na última quarta-feira (24), Carlos Grana (PT) e Gilberto Costa (Patriota) demonstraram os pontos que fazem com que cada presidenciável tente uma linha diferente de campanha na segunda etapa das eleições de 2018, principalmente quando questionados sobre as pesquisas eleitorais.
Carlos Grana disse que as pesquisas são um retrato do momento, mas mostram crescimento do Haddad. “O que mais me chama a atenção é a questão da rejeição, houve uma significativa redução da rejeição do Haddad e o aumento da rejeição do Bolsonaro. Aposto que haverá um aumento significativo até o domingo”, afirmou.
“Respeitamos os institutos de pesquisa e que mostram a diferença do Bolsonaro em relação ao Haddad, brincando, é de cerca de 14 milhões de eleitores. A vitória do Bolsonaro está cada vez mais consolidada, pois as pessoas estão indignadas com o que ocorreu no Brasil. Temos problemas, temos de corrigi-los e sabemos que quem pode fazer isso é o Jair”, falou Costa.
No primeiro turno, o candidato do PSL obteve 723.619 votos, enquanto o postulante pelo PT teve 319.846 votos. Além de vencer nas sete cidades, Bolsonaro obteve vitória nas 23 zonas eleitorais da região. Haddad foi o segundo mais votado no ABC, mesma posição que ocupou entre os eleitores de 18 zonas eleitorais. No final, 1.025.337 munícipes do ABC escolheram outros presidenciáveis ou votaram em branco ou nulo, ou nem se quer foram votar.
Disputa de ex-aliados em São Paulo
O antagonismo da disputa presidencial é bem diferente da disputa em São Paulo onde os dois postulantes ao governo do Estado são ex-aliados. Até o início deste ano João Doria e Márcio França faziam parte da base de apoio do então governador Geraldo Alckmin (PSDB), porém após a definição das candidaturas cada um foi para um lado e o racha se evidenciou no segundo turno.
França acusa Doria de “trair” Alckmin, enquanto o tucano busca colocar no atual governador à alcunha de “candidato da esquerda”. A reação de ambos os lados também é difundida por aliados, algo que ficou evidente durante a apresentação do RDtv nesta quinta-feira (25), com o debate entre Donay Neto (PSB) e Márcio Canuto (PSDB).
“Ficou evidente que o Márcio França é um candidato apoiado pela esquerda. Ele tem em sua base o PCdoB, do PT, do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto). Não tem como esconder isso. Então está cada vez mais claro que ele é um cara da esquerda”, disse Canuto.
“O Doria traiu o Alckmin quando impôs essa candidatura ao governo, antes queria ser candidato a presidente, queria atropelar seu padrinho. A questão é que o França tem palavra e não traiu seu ideal. Lutou para ser independente e conseguiu em São Paulo”, afirmou Donay.
No primeiro turno João Doria venceu em seis das sete cidades (exceto Diadema) e venceu em 16 das 23 zonas eleitorais do ABC. O tucano teve 374.161 votos. Já Márcio França foi o quarto mais votado no ABC, com 222.090. Teve o melhor desempenho em Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, onde foi o segundo candidato mais votado.