As propostas para a área da mobilidade dos candidatos ao Governo do Estado, João Doria (PSDB) e Márcio França (PSB) não privilegiam a região do ABC, não citam, por exemplo, o projeto da Linha 18, o monotrilho do ABC, interligando a região ao Metrô da Capital.
O Repórter Diário questionou as assessorias dos dois candidatos sobre essa linha e também sobre a modernização das linhas férreas que passam pela região e também suas estações.
Os candidatos tiveram quatro dias para responder, mas até o fechamento desta reportagem não o fizeram. Nos planos de governo de ambos há menções sobre a modernização do transporte sobre trilhos. Para o professor do curso de Arquitetura e Urbanismo da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul), Enio Moro Junior, as propostas padecem da falta de aprofundamento.
Doria e França pregam a melhoria da qualidade do transporte sobre trilhos, mas não citaram o projeto do monotrilho do ABC. O candidato tucano cita terminar os projetos em andamento e implementar outros através de PPPs (Parcerias Público-Privadas) e modernizar as linhas já existentes o que poderia contemplar a Linha 10 Turquesa que vai até Rio Grande da Serra. A meta de Doria é fazer 350 quilômetros de vias férreas, além da construção de linhas do tipo VLT (Veículo Leve sobre Trilhos). O professor da USCS, não considera viável a proposta, por conta de recursos e o tempo para a conclusão das obras. “É impossível, daria cerca de 80 quilômetros por ano, se fizesse 10 quilômetros já teria feito mais que o Alckmin (ex-governador Geraldo Alckmin – PSDB)”, comenta.
O candidato do PSDB também cita a criação de uma Agência de Transportes de Passageiros do estado. “Se for com ampla participação popular, de empresas e municípios, pode funcionar”, avalia Moro Junior.
O professor, ao avaliar as propostas do governador candidato a reeleição, destacou a proposta pontuada de ampliar as linhas de Metrô e Trens e modernizar o que já existe. Mas lamentou a falta de uma proposta que envolvesse também os municípios. “Nesse aspecto nem um candidato nem outro teve essa preocupação. Deveria ter um único cartão de transporte, para o ônibus, o trem, o táxi, o veículo compartilhado ou a bicicleta”, analisa o professor.
“Falta um aprofundamento das propostas, apesar das boas intenções, não de trata da conversa do sistema estadual com os municípios. O Metrô, por exemplo, tem que sair do município de São Paulo se deixou para o ABC um transporte de segunda classe, para uma região tão importante, onde estão setores produtivos tão significativos”, conclui Moro Júnior.
Propostas João Doria
O Programa propõe uma nova forma disruptiva e completamente diferente de fazer os investimentos e a operação do sistema de transportes de passageiros sobre trilhos.
Considerando o sucesso da concessão patrocinada (PPP) da linha 4, que demonstra o melhor desempenho da iniciativa privada na operação, com elevação da qualidade ao usuário e redução de custos e a oportunidade que o Estado tem de expandir a sua rede, com investimentos privados, decorrente da dificuldade crescente do setor público em implementar os investimentos necessários.
Como nas Regiões Metropolitanas, parte do serviço de transportes cabe aos municípios, se faz necessário a criação da Articulação Metropolitana liderada pelo Governo do Estado para se implementar as ações de Planejamento. Em face da nova orientação de se transferir todos os serviços de investimento, operação e manutenção destas áreas para a iniciativa privada, bem como do recente crescimento da carteira de concessões já outorgadas, é essencial a constituição de uma Agencia de Transportes de Passageiros do Estado para a regulação de todos os contratos dos serviços concedidos conforme estabelece a legislação vigente.
No âmbito da Mobilidade sobre Trilhos, o Programa propõe ações para acelerar a conclusão das obras de todas as linhas do Metrô e da CPTM que estão contratadas e em andamento, bem como executar novos investimentos com o objetivo de melhorar a qualidade e atendimento da rede metroferroviária, ampliando-se a capacidade, modernizando linhas existentes.O objetivo final deste Programa de investimentos na Região Metropolitana de São Paulo é uma rede de alta capacidade sobre trilhos, com cerca de 350 km, com um alto padrão de serviços nos transportes metropolitanos de passageiros. Ainda no âmbito da Mobilidade sobre Trilhos, o Programa propõe também a implantação e a ampliação do sistema de transportes de passageiros de média capacidade (tecnologia VLT) em outras Regiões Metropolitanas do Estado e o início da implantação do Trem Intercidades ligando São Paulo, Campinas e Americana, sob um Plano Estadual de Trens Regionais a ser consolidado na gestão.
No âmbito da Mobilidade sobre Pneus, o Programa propõe ações de continuidade dos investimentos na expansão da infraestrutura dos sistemas de baixa e média capacidade, para implantação de BRTs, corredores de ônibus, faixas exclusivas, estações compactas e abrigos, de acordo com a necessidade de cada Região Metropolitana.
Propostas Márcio França
1- Integrar o transporte metropolitano e as políticas setoriais de emprego, habitação, logística, planejamento e gestão do uso do solo.
2- Oferecer uma rede de transporte com adequada cobertura territorial, combinando modais sobre trilhos e pneus, tanto municipais quanto metropolitanos.
3- Acelerar os investimentos nas linhas de metrô e trens, com novos terminais e novas estações, modernizando os existentes.
4- Desenvolver a implantação da rede de ligações regionais de transporte ferroviário de passageiros nas regiões do Estado.
5- Concluir a implantação do SIM (Sistema Integrado Metropolitano) nas Regiões Metropolitanas.
6- Concluir a implantação das conexões do aeroporto de Guarulhos e de Congonhas com o sistema metroferroviário da Grande São Paulo.
7- Intensificar os investimentos em corredores de ônibus metropolitanos.
8- Reduzir as emissões de CO2 (poluição) e a violência no trânsito com programas específicos e incentivo à mobilidade não motorizada (a pé e de bicicleta).
9- Operar, de forma coordenada e com funções complementares, o metrô, os ônibus intermunicipais e os trens metropolitanos.
10- Incentivar os serviços de compartilhamento de veículos.
11- Estimular o uso de novas tecnologias de inteligência artificial e big data na melhoria dos serviços de transporte e no atendimento aos cidadãos.
12- Garantir acessibilidade para pessoas com mobilidade reduzida nas estações de metrô e pontos de ônibus.