O Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima que 600 mil novos casos de câncer de mama já foram detectados em 2018, sendo 59,7 mil a cada biênio e 16.340 somente no Estado de São Paulo. Como forma de conscientizar a população sobre o diagnóstico precoce da doença, a campanha Outubro Rosa voltou novamente neste mês. No ABC, mesmo com poucos prédios iluminados – ao contrário de 2017 -, o movimento global se faz presente em palestras, exames gratuitos e apresentações.
As unidades básicas de saúde (UBSs) e o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) de Diadema promovem rodas de conversas, palestras, caminhadas, medicações e exames rápidos até fim de outubro. Ribeirão Pires tem orientação com médicos, enfermeiros e psicólogos nas unidades de saúde e a Caminhada Outubro Rosa, com saída na Vila do Doce, no dia 28 de outubro, a partir das 8h, local onde também acontece palestra motivacional.
As mulheres também podem fazer exame de mamografia por meio do programa Mulheres de Peito, sem necessidade de pedido médico com agendamento por telefone 0800-7790000.
Em Santo André, além de orientações de autoexame e coleta de Papanicolau nas unidades de Atenção Básica, palestras acontecerão no Hospital da Mulher e no dia 17 de outubro, no Centro Hospitalar Newton da Costa Brandão, às 14h, acontece a encenação “Ou tu arrisca, ou tu si toca”, comédia musical que alerta a população a respeito da prevenção da doença. A entrada é gratuita, mas precisa se inscrever pelo telefone 4433-3674.
O mastologista do Hospital e Maternidade Christóvão da Gama, em Santo André, Ítalo Dutra, explica que mulheres com idade entre 45 a 55 anos devem ter atenção redobrada quanto ao diagnóstico, para tratamento rápido e menos mutilante. “Só por ser mulher, o risco de ter a doença é 10 vezes maior. Assim, quanto mais cedo diagnosticada, maior a chance de cura”, afirma.
Entre os fatores de risco, o especialista elenca gênero, acometimento maior em mulheres jovens, exposição à radiação e janela hormonal. “A puberdade precoce ou menopausa tardia podem aumentar chances de ter o câncer de mama”, explica o médico, durante entrevista ao canal RDtv.
Grupos dão apoio às vítimas da doença
Para apoiar mulheres que fizeram a retirada de mamas (mastectomizadas) e/ou que estão com a doença, o grupo de apoio Viva Melhor, em Santo André (rua Campos Sales, 575), e a Associação Recomeçar é Possível, em São Bernardo (rua Caraibas, 19) , são exemplos na região.
Com 19 anos de existência, o Viva Melhor trabalha na reabilitação física, emocional e estética de mulheres. Por meio de palestras, venda de camisetas, confecção de artesanatos e caminhadas, as mais de 60 voluntárias conscientizam a sociedade sobre a importância de exames periódicos e oferecem assistência, acompanhamento psicológico e até doação de próteses.
São ao menos 10 novas pacientes por semana, 10 mil atendidas, sete mil próteses e 700 palestras desde a criação do grupo, feita por Vera Emilia Teruel, 69 anos e operada há 30. “Quando recebemos a notícia, ficamos sem chão e com medo. Na época não conhecia ninguém que tivesse passado pela doença, nem programas de apoio, então tive a ideia de criar algo do gênero”, conta.
Quando superou a doença, Vera se juntou com a amiga e vice-presidente do Viva, Terezinha Pontes Cipriane, 66, para iniciar o trabalho de autoestima. “É gratificante ver as mulheres progredindo, felizes e com boa autoestima”, acrescenta.
Em São Bernardo, a Associação Recomeçar é Possível, fundada há sete anos, também trabalha com reabilitação psíquica, física, elevação e manutenção da qualidade das mulheres com câncer, por meio de trabalho voluntário. O grupo fornece próteses mamárias externas gratuitas, empréstimo de perucas, lenços, turbantes e toucas, além de palestras e ajuda para superar processos cirúrgicos. O trabalho é feito por 70 voluntárias, entre as quais vítimas da doença.
Mastectomizada e uma das fundadoras, Marina de Oliveira Medeiros é presidente da associação, e conta que o apoio é essencial ao momento frágil da vida. Fala por conta própria, pois teve de remover as duas mamas por conta de tumores malignos. “Muitos maridos acabam por abandonar as mulheres porque acham que elas perderam a feminilidade com a doença. Nosso trabalho envolve principalmente isso, trabalhar a autoestima e ajudar as vítimas”, conta.
Para gerar verbas, a associação promove bazares, bingos, bailes e aceita doações. Todas as quartas-feiras fazem reuniões e rodas de conversas no primeiro andar da farmácia de manipulação Pró Pharmacos, das 14h às 17h no bairro Jardim do Mar, um dos endereços da associação. A entrada é aberta para visitantes e não é necessário inscrição.